Associação Brasileira de Epilepsia compartilha informações que podem salvar vidas e acabar com preconceitos
Apesar de a epilepsia, só na América Latina, atingir quase 8 milhões de pessoas, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a falta de informações sobre a doença ainda é um problema na sociedade, principalmente pelo fato de que muitos não sabem o que fazer quando se deparam com uma pessoa tendo uma crise. Tendo o conhecimento como ferramenta de combate ao preconceito, a Associação Brasileira de Epilepsia apresenta mitos, verdades e explica aspectos que ainda geram confusão.
Para Maria Alice Susemihl, Presidente da ABE, a informação é o melhor caminho para a mudança, portanto, é essencial leva-la ao público para que a doença seja encarada de uma maneira diferente. “O preconceito surge, principalmente, por conta da falta de informação e esse é um dos maiores problemas que temos hoje, o que torna tão importante a conscientização social sobre a doença. Saber o que é de fato a epilepsia e como ajudar alguém durante uma crise é algo básico para a vida dos seres humanos”, diz.
Você sabia?
1 – A epilepsia não é uma doença mental
Diferente do que muitas pessoas acreditam, a epilepsia é uma doença neurológica, ou seja, acontece quando um grupo de neurônios não apresenta um funcionamento normal, gerando assim, descargas excessivas. É como se ocorresse um “curto-circuito” no cérebro.
2 – A maioria dos pacientes com epilepsia têm inteligência absolutamente normal
Apenas uma pequena parcela das pessoas pode apresentar alguma dificuldade mental, porém, a epilepsia não é a causa.
3 – A doença não é contagiosa
É impossível adquirir epilepsia apenas tendo contato com uma pessoa que tenha a doença, e dessa forma, o contato com a saliva não vai resultar em transmissão. Qualquer ser humano, independentemente da idade, pode ter uma crise epiléptica e o estresse elevado pode ser um dos motivos.
4 – Nem toda convulsão é epilepsia
A crise convulsiva tem abalo motor, ocorrendo tremores no corpo, e nem toda crise epiléptica apresenta isto. Para que uma pessoa seja diagnosticada com epilepsia, vários episódios precisam acontecer. Alteração de comportamento, olhar parado, movimentos automáticos e até mesmo crises de ausência, podem ser sinais de epilepsia.
5 – Medicamentos podem controlar as crises epilépticas
Na maioria dos casos (70%), é fácil a epilepsia ser totalmente controlada com o uso de medicamentos e acompanhamento médico, o que permite uma vida com poucas ou nenhuma restrição. É importante ressaltar que, quando ocorrem crises, as medicações devem ser mantidas nos horários e nas dosagens receitadas pelo médico; não pode haver super dosagem.
6 – A cura da epilepsia é possível, mas depende do caso
Existem cirurgias que retiram a causa das crises, porém, o acompanhamento médico é fundamental, pois cada caso é um caso.
7 – Existem maneiram corretas de falar e escrever alguns termos
O certo é crise epiléptica e não epilética. Além disso, não é correto dizer que uma pessoa é epiléptica ou que é portadora de epilepsia, e sim, que é uma pessoa com epilepsia. Dizer pacientes epiléticos, além de pejorativo, é errado. O correto é: pacientes com epilepsia ou pessoas com epilepsia.
8 – Dicas de primeiros socorros em caso de crise epiléptica
O primeiro passo é manter a calma, pois as crises tendem a passar em poucos minutos e não é possível ajudar alguém quando se age com desespero ou ansiedade. O ideal é que a pessoa seja deitada de lado, para facilitar a saída de possíveis secreções, e que a cabeça seja apoiada em algo confortável. Além disso, é preciso tirar de perto todos os objetos perigosos que podem ocasionar ferimentos.
É importante ressaltar que não é preciso colocar nada dentro da boca da pessoa que está tendo uma crise, pois há o risco de asfixia e, na tentativa de segurar a língua, ambos podem se machucar. Também não se pode dar nada para a pessoa beber e nem jogar água em seu rosto naquele momento. Apenas aguarde a respiração voltar ao normal e ela querer se levantar.
É necessário chamar uma ambulância caso a crise dure muito tempo, se for seguida de outras, ou se a pessoa não recuperar a consciência.