Outro dia estava relembrando quando era mais nova, adolescente e como nós (meus irmãos, amigos e eu) infernizávamos as vidas dos vizinhos e nem percebíamos. Sempre que algum vizinho reclamava a gente reclamava mais ainda do vizinho, é claro. Sempre achávamos que essas criaturas estavam querendo nos importunar.

Agora vejo que muitas vezes éramos extremamente pentelhos. Lembro que tinha uma época em que meus pais estavam morando em outro estado e nós ficávamos os três em casa, nós morávamos a uma quadra de uma universidade em que grande parte dos nossos amigos estudavam, então a casa vivia cheia.

Meu irmão, que sempre foi músico, tinha ganhado uma bateria eletrônica e estava produzindo muitas músicas, pra que? Minhas amigas, irmã e eu achávamos que éramos as cantoras do pedaço, então não importava a hora que fosse, nós tínhamos que “produzir”, saíamos pra gandaia, e quando a gente estava de volta lá pelas 3 ou 4 da matina, a gente simplesmente decidia que era hora de cantar.

Ligávamos a bateria eletrônica, os microfones, o estrobo/luz negra, e a cantoria rolava solta…. Ás vezes vinha um amigo ou outro que tocava violão e a cantoria ia até tarde….

Uns anos atrás conversando com o meu irmão, que havia se mudado já fazia um tempo, estava morando no seu próprio apartamento, lembro dele me contando que não tinha aguentado e tinha chamado a polícia, porque tinha um bar embaixo do prédio que nos finais de semana as pessoas que alí frequentavam curtiam mesmo um forró do brabo. Sabe aquele estilo carro com caixa de som no porta malas, ligada nas alturas e o povo se acabando na calçada?

Não deu, ele não consegiu dormir e teve que chamar a polícia.

Outro dia eu estava tentando dormir, e olha que eu durmo geralmente bem tarde, já era tipo umas 3:30 da matina de um sábado e lá no fundo eu escutava aquele barulho de festa, que começou a me incomodar e foi então que eu percebi, aos 30&alguns que a gente era MUITO, mas MUITO chato, que o vizinho tinha toda razão de reclamar, mas que ao mesmo tempo, nós, hoje em dia, temos MUITAS histórias para contar , em grande parte devido á essas festinhas que varavam a madrugada ao som de uma boa música (ou não).

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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