Especialista alerta para cuidados com trombose
Problema pode evoluir e causar complicações. Cirurgiã-vascular conta ainda que varizes merecem atenção, pois também são fatores de risco para a forma venosa da doença
Ter as pernas marcadas por varizes às vezes é um problema para a estética feminina, mas a questão vai bem mais além e pode ser um dos fatores causadores da trombose venosa. Estima-se que cerca de 180 mil novos casos de trombose venosa surgem no Brasil a cada ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de cirurgia Vascular de São Paulo. A séria enfermidade, que pode ser fatal, atinge três vezes mais mulheres do que homens, conforme relata a cirurgiã-vascular Carolina Camelo, que possui um consultório no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia.
Caso recente aconteceu com a cantora Anitta que chegou a ser internada em razão de trombose diagnosticada em uma das pernas. A doença ocorre quando há formação de um coágulo sanguíneo (trombo) em uma ou mais veias profundas de coxas e pernas. Esse coágulo bloqueia ou dificulta o fluxo de sangue e causa inchaço e dor na região. A cirurgiã-vascular explica que a trombose não é tratada cirurgicamente.
“O tratamento é feito com medicação anticoagulante, pois o coágulo sanguíneo não pode sair de onde está. Se sair ele pode até ir para o pulmão, tornando uma embolia pulmonar”, descreve ela. Sobre o receio de muitas mulheres acerca de anticoncepcional, Carolina afirma que o medicamento pode sim causar varizes e trombose, por isso é recomendado tomar aqueles que possuem uma menor dose do hormônio estrógeno.
Para a prevenção da doença, a especialista ressalta que é preciso manter uma hidratação constante; saber o histórico familiar, pois a genética influencia; manter o peso adequado e praticar atividades físicas, já que o sedentarismo e a obesidade são fatores de risco para a doença; ter uma alimentação balanceada, evitar o tabagismo; reduzir o consumo de bebidas alcóolicas; após longos períodos sentados levantar e se movimentar um pouco.
Varizes
Carolina Camelo revela ainda que as varizes podem evoluir para trombose, por isso também é preciso estar atento a elas. Estatísticas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) indicam que 38% dos adultos convivem com as varizes. No público feminino, o número é ainda maior: 45% apresentam a condição. Uma pesquisa do Hospital Memorial Chang Gung, em Taiwan, por exemplo, divulgada no ano passado, confirmou que as varizes aumentam em cinco vezes o risco de trombose venosa.
“As varizes são o carro-chefe de atendimento no meu consultório, cerca 90% dos meus pacientes me procuram por isso. E eles costumam demorar para procurar um médico, pois têm uma ideia errada de que mesmo tratando as varizes elas voltam, mas isso não ocorre. O que pode acontecer é elas aparecerem em outros lugares, existem quadros distintos de varizes”, salienta a médica, sobre este problema, o qual ao contrário da trombose, pode ser feita cirurgia.
Os sintomas quanto ao aparecimento das varizes que as pessoas precisam ficar atentas, segundo a cirurgiã-vascular, são dores nas pernas, sensação de peso nas pernas, inchaço, cansaço, cãibras ou dormência. “Algumas pessoas que trabalham por muito tempo em pé acham que esses sintomas são normais pela sua condição de trabalho, mas não é, é preciso ficar atento. Os hormônios também influem no aparecimento das varizes, que podem acontecer em momentos que eles se alteram, como na puberdade e na gestação”.
Sobre os tratamentos, a médica diz que vai depender do estágio e de cada paciente. “Para se tratar varizes não existem apenas aplicações, há uma gama de possibilidades com resultados mais duradouros e menos dor”, salienta.