Especialista explica as consequências dos dentes irrompidos
É chamado de dente retido aquele que ainda não irrompeu, quando já deveria ter erupcionado. Podem ser apontadas algumas causas que impedem ou alteram a erupção natural do dente, como explica Amanda Lopes Teixeira, cirurgiã-dentista e membro da Câmara Técnica de Odontopediatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
As principais causas são: falta de espaço, um problema frequente que pode ser causado devido ao dente ser muito volumoso em relação ao espaço ósseo, devido a perdas dentárias precoces, entre outros fatores; anquilose do dente de leite, em que ocorre uma “fusão” da raiz do dente de leite com o osso, fazendo com que ele não amoleça, impedindo a erupção do dente permanente; perda precoce do dente de leite, nesse caso pode haver a formação tecido ósseo que também impossibilita que o dente permanente erupcione, ou seja, nasça.
Ainda podem ocorrer casos de fibrose gengival, quando a gengiva que recobre o permanente fica muito grossa, ou processos patológicos, como cistos, tumores e alterações ósseas que podem prejudicar a erupção natural do dente. São mais raros, mas podem causar problemas.
“Quando o dente permanente não erupciona, pode haver alteração no desenvolvimento das arcadas e prejudicar o posicionamento dos dentes vizinhos. Se ele nasce de maneira incompleta, pode causar um maior acúmulo de placa bacteriana o que pode causar inflamação ou infecção na gengiva, cárie, entre outros problemas”, esclarece Amanda.
Casos de dente não irrompido podem ocorrer em crianças, adolescentes e adultos. O terceiro molar (dente do siso) é o mais acometido por esse problema, seguido pelos caninos, podendo também ocorrer com outros dentes, sendo os incisivos os menos afetados. Ainda é possível que a pessoa tenha um dente de leite até a idade adulta e isso impeça a erupção do dente permanente. Muitas vezes o adulto só fica sabendo disso ao consultar o cirurgião-dentista.
Tratamento do dente que não erupcionou
O tratamento deverá ser realizado pelo cirurgião-dentista de acordo com a causa do problema. De acordo com a cirurgiã-dentista, no caso de dente decíduo (dente de leite) com anquilose, esse deverá ser removido para a erupção do permanente. Para a falta de espaço, poderá ser necessário tratamento ortodôntico para que esse dente ocupe a sua posição ideal. Já quando há a perda precoce do dente decíduo o cirurgião-dentista pode usar mantenedores de espaço para acompanhar a erupção do permanente e evitar perda de espaço.
Em caso de gengiva fibrosada que impede a erupção do dente, o cirurgião-dentista faz um pequeno corte nesta área para que o dente possa nascer. Se o dente permanente não erupcionar, pode ser necessário o tracionamento ortodôntico deste para posicioná-lo na arcada corretamente. Lembrando que qualquer intervenção só é realizada depois de um exame detalhado e tendo como suporte exames de imagem, tais como raio X, tomografia etc.
“Quando esgotamos as opções de tratamento para que esse dente permaneça na arcada adequadamente pode ser necessária a extração do mesmo”, complementa a integrante do CROSP.