Henrique Silva Pereira, professor e coordenador dos cursos de Comunicação, Cinema, Fotografia e Design do CEUNSP , explica os impactos das novas tecnologias de Inteligência Artificial em produção de imagens e textos fake
Recentemente vem repercutindo na internet imagens falsas elaboradas por meio da Inteligência Artificial (IA), entre as principais veiculações que viralizaram está a foto do Papa Francisco com um casaco de moda, e imagens do Donald Trump.
Em um primeiro momento, grande parte dos internautas acreditaram que eram imagens reais, antes da confirmação da elaboração por Inteligência Artificial, o que trouxe à tona o questionamento de como diferenciar se algo é real ou não.
Henrique Silva Pereira, professor e coordenador dos cursos de Comunicação, Cinema, Fotografia e Design do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp), explica que as pessoas terão que olhar duas vezes antes de acreditar no que estão vendo na internet. “Com o avanço da IA, cada vez mais será necessário estratégias para conseguir verificar se a imagem diz respeito a um discurso verdadeiro ou falso, e por isso temos que trazer à tona o conceito de Media Literacy, que seria uma alfabetização midiática”.
Pereira esclarece que esse cenário não entra apenas no contexto das fake news, visto que essas imagens não foram criadas com o intuito de enganar o público, mas sim são produtos de experimentação de inteligência artificial, embora alguns canais de comunicação estejam veiculando como se fosse uma notícia.
Apesar dos programas de Inteligência Artificial estarem evoluindo em suas metodologias e aperfeiçoando a geração de imagens, Henrique salienta que ainda dá para identificar se uma foto é real ou foi manipulada. “O caso do Papa, por exemplo, é possível perceber algumas falhas na construção, como na mão dele e no crucifixo, se analisado com mais calma e precisão, as pessoas conseguirão identificar melhor”.
O professor de comunicação e fotografia ressalta que com esses avanços rápidos da Inteligência Artificial dificilmente será possível se proteger das manipulações de imagens. “Essa ação sempre existiu, não é novidade, mas antes eram feitas no Photoshop. O que está acontecendo na atualidade é que a IA está permitindo que pessoas que não têm conhecimento de manipulação de imagens, consigam fazer facilmente nas plataformas, apenas descrevendo o formato de arte que gostaria de criar”.
Manipulação fotos pessoas famosas x população comum
Henrique destaca que a manipulação de imagens passa a ser preocupante a partir do momento que pessoas comuns também poderão sofrer com essas fotos falsas, mas não terá notoriedade na mídia.
“Todo mundo precisa tomar cuidado com as fotografias e textos que posta na internet, pois na atualidade não temos mais controle do que pode ser feito a partir do momento que aquela informação está pública na mídia. É muito importante que os usuários fiquem atentos com o que disponibilizam online e de vez em quando, inclusive, acessar o Google, o Bing, e digitar o próprio nome, colocar uma foto lá para verificar o que ele retorna, porque sim, a pessoa pode ter uma utilização que não foi autorizada”.
Já no caso de famosos, a tendência é os adeptos da Inteligência Artificial usarem desses perfis para construção de imagens e testes devido ao impacto e alcance que aquela veiculação proporciona. “Fotos com protagonistas do discurso público, como o Donald Trump e o Papa Francisco, gera atenção, e automaticamente o criador consegue naturalmente reverberar na imprensa para mostrar a capacidade e as qualidades que essa tecnologia realiza. É claro que existe também uma criatividade por parte da pessoa que está criando, justamente com essa perspectiva de gerar situações críveis e não críveis”.