As Doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), como as cardiovasculares, obesidade, diabetes e câncer, representam os principais problemas de saúde pública, tanto em países desenvolvidos, como em desenvolvimento. As projeções de novos casos e mortes associadas a essas doenças nas próximas décadas são bastante preocupantes. Como fatores de risco e desafios estão: a má-alimentação, sedentarismo, tabagismo e poluição ambiental.
Estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais sugerem a origem das DCNT já no início da vida. Alterações no desenvolvimento fetal, neonatal e ao longo da infância e adolescência estão associadas ao maior risco de desenvolvimento de doenças metabólicas e certos tipos de câncer na idade adulta. Para o Prof. Dr. Thomas, “as medidas de prevenção das DCNT devem ser iniciadas o mais cedo possível, é necessário investir em prevenção, até mesmo antes da gestação, pois a falta de aporte de nutrientes nos pais pode ocasionar impactos no desenvolvimento do feto com consequências para a saúde até a idade adulta”.
Nesse contexto, pediatras, ginecologistas e nutricionistas encontram-se em importante posição para prevenir tais condições no adulto por meio da promoção de hábitos de vida mais saudáveis, da gestante e lactante, do futuro pai e da própria criança, como: conscientização da importância do aleitamento materno, evitar a obesidade, mantendo o peso corpóreo em níveis adequados de acordo com as faixas etárias, praticar atividades físicas, não fumar, comer mais frutas e verduras, moderar o consumo de carne vermelha e alimentos embutidos e reduzir o consumo de bebidas açucaradas e alcoólicas. Essas iniciativas podem contribuir para o desenvolvimento adequado no início da vida, no sentido de promover a saúde e reduzir o risco para as Doenças crônicas não-transmissíveis na vida adulta, de acordo com a perspectiva das pesquisas de DOHaD (Developmental Origins of Health and Disease).
Durante o webinar “Nutrição Personalizada: Onde Estamos?” realizado pelo ILSI Brasil (International Life Sciences Institute), por meio da Força Tarefa Alimentos Funcionais, Prof. Dr. Thomas apresentou a aula “Avanços em Nutrigenômica”, onde destaca a nutrigenômica como uma ciência importante para área de nutrição, permitindo o avanço no conhecimento da interação entre gene e nutriente, e afirma a necessidade do desenvolvimento de mais pesquisas para sua aplicação clínica. A prevenção começa antes da gestação, quando as experiências da mãe e o aporte adequado de nutrientes e micronutrientes têm um impacto muito importante no desenvolvimento do feto.
Sobre a hipótese DOHaD, a Universidade da Califórnia traz um estudo onde destaca que adultos que passaram fome na infância tinham maior probabilidade de desenvolver diabetes e osteoporose décadas depois. Quando há deficiência de nutrientes, há uma diminuição na produção de imunoglobulinas, ou seja, das proteínas que nos protegem.
A ciência da nutrição tem como missão disseminar a alimentação saudável, o que devemos comer para maximizar a saúde e prevenir as doenças crônicas. “Isso representa um desafio enorme, pois, como já foi destacado, são vários os fatores que precisam estar em sintonia: a microbiota intestinal, a constituição genética, os hábitos culturais e familiares. O alimento tem efeito variado no organismo e está relacionado aos padrões de alimentação. O que o indivíduo coloca no prato depende da sua cultura, seu estado emocional, da sua renda e dos hábitos alimentares adquiridos desde a infância”, finaliza Prof. Thomas.
Fonte: Prof. Dr. Thomas Prates Ong: Membro do Comitê Científico Consultor do ILSI Brasil. Farmacêutico-Bioquímico e Doutor em Ciência dos Alimentos pela USP. É Professor Livre-Docente em Nutrição Humana na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Foi pesquisador visitante na Universidade de Cambridge, Reino Unido. É Pesquisador do CNPq e Pesquisador do Food Research Center (CEPID da FAPESP).