Li o artigo Children Labeled ‘Bipolar’ May Get A New Diagnosis (Crianças rotuladas como “bipolar” podem obter um novo diagnóstico),  que achei muito importante e resolvi escrever esse post baseado nos dados que li .

Desde meados da década de 90, o número de crianças diagnosticadas com transtorno bipolar aumentou 4000% , apenas nos EUA, e esse dado tem causado muita polêmica no mundo da psiquiatria infantil, já que muitos médicos ao lidar com crianças com mudanças de humor ou de personalidade mais explosiva, passaram a diagnosticá-las como bipolar.

Devido a esse motivo a American Psychiatric Association em um movimento que pode mudar a prática da saúde mental nos EUA, anunciou que pretende incluir um novo diagnóstico, na próxima  Diagnostic and Statistical Manual – dicionário oficial dos transtornos mentais reconhecido pela Associação Americana de Psiquiatria-  e espera que o rótulo bipolar seja trocado para “Temper Dysregulation Disorder” (transtorno do temperamento irregular), uma disfunção cerebral ou biológica, e não como uma condição que acompanha o indivíduo ao longo da vida como a bipolaridade.

Os médicos usam o manual para diagnosticar pacientes e as seguradoras para decidir sobre reembolso, por isso é extremamente importante na psiquiatria americana e ao adicionar esse Transtorno a Associação Psiquiátrica Americana está tentando restringir o uso do rótulo bipolar.

A noção de que as crianças podem sofrer de transtorno bipolar surgiu em meados de 1990, a Dra. Janet Wozniak, professora assistente de psiquiatria na Harvard Medical School, foi uma das primeiras psiquiatras a popularizar esta idéia e na época, a maioria dos psiquiatras afirmavam que o transtorno bipolar em crianças estava entre “nunca” e “raro”.

O que levou a Dra. Wozniak a começar a pensar sobre o transtorno bipolar infantil, foi quando trabalhou como pesquisadora na clínica do psiquiatra infantil Dr. Joseph Biederman que estava estudando crianças com déficit de atenção e hiperatividade e ao perceber que havia crianças cujos problemas com a raiva parecia ir muito além do TDAH, pediu para a Dra prestar mais atenção nessas crianças, muitas que sofriam explosões de raiva incontroláveis, eram violentas, batiam, gritavam, chutavam…

Essas reações, eram substancialmente diferente do tipo de explosões que ocorrem entre as crianças com TDAH e foi então que detectou que eram crianças que sofriam de transtorno bipolar. Dra. Wozniak escreveu um artigo propondo que algumas das crianças caracterizadas como tendo TDAH eram na verdade bipolar, artigo esse que lhe rendeu prêmios.

Ao definir que crianças também sofriam de transtorno bipolar, foi necessário mudar um componente crítico da definição tradicional do transtorno, que classificava como esporádico os episódios maníaco -depressivos, mas as crianças apresentavam os episódios de forma radicalmente diferente,  muito breves e também muito freqüentes.

Hoje, estima-se que pelo menos 1 milhão de crianças nos Estados Unidos foram diagnosticadas com a doença. Segundo a psiquiatra infantil, Dra. Gabrielle Carlson da Stony Brook University,  muitas das crianças foram categorizados como bipolar, já que era uma vantagem para as empresas de seguros por ser um problema biológico ou médico, enquanto transtorno de conduta, como era caracterizado anteriormente, era visto mais como um problema dos pais, e ficavam relutantes em reembolsar o tratamento.

Apesar de ter algumas vantagens de se utilizar o rótulo bipolar, segunda a Dra. Carlson, o problema, é que o transtorno bipolar é entendido como um problema crônico ao longo da vida, com medicação psicótica com efeitos profundo s sobre mecanismos importantes no cérebro que podem influenciar o crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso.

Aos 30&Alguns, acredito que provavelmente vai levar algum tempo para determinar se os psiquiatras e psicólogos realmente vão mudar a forma como trabalham e como diagnosticam, mas é importante os pais se informarem sobre as mudanças que ocorrem e pesquisar e questionar os médicos  quando receberem algum diagnóstico.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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