Dia 11 de outubro é comemorado o Dia Mundial da Obesidade, um alerta de cuidado, pois, atualmente, o excesso de peso é um dos fatores mais graves para o aparecimento de diversas doenças como hipertensão, diabetes, câncer e doenças cardiovasculares – principais causas de óbito no país. Segundo a última pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), em 2015, 52,5% da população adulta está acima do peso e, dessa parcela, 17,9% estão obesos.
A Anvisa irá vetar a importação de inibidores de apetite para o Brasil, embora tenha sido aprovada uma lei que libera o uso desses medicamentos. A autorização ou não para o consumo desse tipo de remédio para combater a obesidade tem causado controvérsia.
Para a nutricionista e coach em emagrecimento Gladia Bernardi, a solução não é utilizar nenhum remédio e, sim, promover uma mudança de mentalidade. A obesidade é uma doença mental, e o que precisa ser tratado é a chamada ‘mente gorda’. A grande maioria das pessoas acima do peso (92%) usam a comida para compensar emoções e sentimentos reprimidos, assim como o processo de engordar aconteceu ao longo do tempo, criar hábitos que mudem esse mecanismo e levem ao emagrecimento não é diferente. É fundamental trabalhar a repetição de novos e bons hábitos, que levem à perda de peso sem o uso de remédios, adoção de dietas restritivas ou intervenções cirúrgicas. Para Gladia, o grande segredo é transformar a maneira como o indivíduo se relaciona com a comida, seguindo o método chamado de emagrecimento consciente.
Para o Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN, a obesidade é uma doença crônica e, como tal, precisa de tratamento medicamentoso e de longo prazo. O ato de comer pela sensação de recompensa, de prazer, e não pela necessidade metabólica, é o que leva à obesidade.Segundo o nutrólogo, também por isso os medicamentos se mostram necessários, porque interferem em todas as dimensões de apetite, causando principalmente a sensação de saciedade. A medicação tem um papel de tratamento da obesidade, por reduzir o consumo alimentar e aumentar a sensação de recompensa.
O sistema de recompensa é extremamente importante e ele tem participação na epidemia mundial de obesidade. Ele pode ser explicado em três frentes: a experiência de prazer, o componente motivacional que incentiva a procura por alimento e a aprendizagem que permite fazer associações. Dr. Durval resalta que estudos indicam uma maior atividade cerebral nos pacientes com obesidade antes de comer, que é a vontade. Depois de comer, ele não tem tanta atividade cerebral, e a resposta de recompensa diminui.
A sibutramina interfere na saciedade e diminui o gasto energético. O orlistate é um agente disabsortivo, ou seja, faz com que o corpo não absorva cerca de 30% da gordura ingerida. Já o medicamento de princípio ativo liraglutida 3mg, recentemente aprovado, tem ação no sistema nervoso central (hipotálamo), principal órgão regulador do apetite. O remédio pode auxiliar na perda de mais de 15% do peso, segundo estudo apresentado pelo laboratório detentor da patente. Os testes feitos com o medicamento indicaram que aproximadamente 15% dos pacientes perderam 15% ou mais de peso – o que é considerado uma resposta excelente; 33% perderam de 10% a 15% de peso – o que é considerado bom; e cerca de 67% perderam de 5% a 10% de peso – o que já seria suficiente para reduzir os riscos de doenças associadas.