No final de semana o blog geralmente permanece light (leve), mas hoje recebi um email com um discurso da deputada Cidinha Campos (PDT), na sessão extraordinária, para ser resolvido a ‘constitucionalidade’ da prisão do deputado Álvaro Lins.

Fui verificar no website da deputada se havia alguma menção ao discurso, porém não encontrei. De qualquer forma, achei o texto de acordo com a triste realidade do Brasil que se acha como sendo o do futuro e em especial da cidade que um dia já foi maravilhosa.

‘Sr. Presidente, Sra. e Srs. Deputados, o que eu tenho a dizer não é tão grande que eu não pudesse usar um aparte para fazê-lo, mas eu achei que seria tirar o tempo do debate que está se ouvindo aqui, porque tem sido muito bonito, E eu quero cumprimentar o Deputado Paulo Ramos – não é sempre que eu faço isso, não é, deputado? – pelo seu discurso desta tribuna.
Falou-se muito aqui, Sr. Presidente, sobre estado de direito. Acho que do estado de direito já se falou demais. Nós temos que falar do Estado direito. O Estado direito é aquele em que o deputado trabalha, vive com o seu salário, não rouba de ninguém, não tira dinheiro da escola de criança. Esse é o Estado direito!
Não vou fazer nenhuma análise jurídica. Eu vejo com espanto que na hora de defender um deputado, vão procurar na Constituição o amparo para livrá-lo de uma punição. Mas esse deputado, que foi Chefe da Polícia deste Estado do Rio, não respeitou nem o Código Penal, nem o Código Civil. Nada! Na hora de se defender, todos buscam a legalidade ideal: a Constituição Federal, que ninguém respeita.
Esta Casa, é claro, tem competência para tirá-lo do xadrez, mas não tem legitimidade. Sabe por que, Sr. Presidente? Porque 40% desta Casa estão envolvidos com a marginalidade: 40% de uma casa política envolvidos com bolsa-escola, máfia dos combustíveis, assassinato, grupo de extermínio, extorsão, milícia e tráfico. Que legitimidade tem esta Casa para dizer que ele tem que sair da prisão? Estão votando em causa própria! ‘É ele hoje, sou eu amanhã’ – como já disseram aqui uma vez.
Então, qualquer que seja esse resultado, e eu já sei qual será, como sabia que ele ia ser preso – e V. Exa. é testemunha que eu sabia que ele ia ser preso – como sei que outros serão. Serão presos e nós nos vamos enfraquecendo a cada passo. As argolas que querem tirar do pé do Álvaro Lins já estão chegando aos nossos pés, porque nós estamos implantando no Poder Legislativo do Estado do Rio de Janeiro o poder da bandidagem, da falcatrua, da falta de respeito à população e ao direito do Estado, ao Estado direito.
Sr. Presidente, eu trouxe documentos aqui. Tem gravação. Eu tenho a gravação completa da investigação da Poeira no Asfalto. O chefe do gabinete do Dr. Álvaro Lins tratando da falcatrua que ia fazer naquele direito especial do imposto do ICMS que o Garotinho ia botar. Ele não está sendo julgado por isso, mas também será e nós vamos perder o bonde da história, porque ele é o principal envolvido na máfia dos combustíveis. Mas como é que vai votar esta Casa? Dos oito presos, um é funcionário daqui. A mulher do Sr. Álvaro Lins, a ex, é funcionária da Casa, e os outros, os demais, todos foram homenageados pela Casa, todos os bandidos receberam moção desta Casa, alguns receberam três ou quatro. Mas que moral tem um Deputado que dá moção para esses bandidos?
E eu não estou nem falando do Álvaro Lins, que recebeu a Medalha Tiradentes e outras coisas, estou falando dos ‘inhos’ todos. Bandidos pés-de-chinelo que receberam moção, medalha de diversos Deputados, a maioria de Deputados também envolvidos em outras denúncias de corrupção.
Eu acho, Sr. Presidente, que é um discurso perdido. Quando a gente se opõe ao sistema, porque isso virou um sistema, chega a ser perda de tempo. Mas o que estou fazendo aqui se eu não fico pelo menos indignada com o que está acontecendo? Então, eu sei que ele vai sair por aquela porta, vai usar os instrumentos que tem, como disse bem o Sr. Deputado Paulo Ramos, como ex-Secretário de Segurança Pública, para desvirtuar a investigação. E não é só ele, são dois ex-Secretários, ele e o Ricardo Hallack, que é outro bandido de primeira classe muito homenageado nesta Casa.
É um discurso vazio. É um discurso que não vai dar em nada.
Pode sair, Sr. Deputado Álvaro Lins! A Casa é sua!’

Aos 30&Alguns  a cada dia que passa acho que estamos seguindo um caminho sem volta, a cidade que vai ser sede da Copa do Mundo de 2014 e “quizá” das Olimpíadas de 2016, enquanto se contentar com esses “prêmios” e não ver a realidade que está acontecendo a sua volta, irá continuar caminhando para o buraco.

Muito me espanta, e eu na verdade nem sei porque fico espantada, a atitude de políticos, da sociedade e da imprensa, somente agora revoltados com as milícias porque pegou alguns jornalistas … eu pergunto: será que eles foram os primeiros? Logicamente que não, mas porque ninguém falava nada antes, nem mesmo se manifestava enquanto quem sofria era o povo morador das comunidades?

A classe A e B carioca, e eu faço parte dela, continua vivendo dentro de seus apartamentos cheios de grades e de seus carros com vidros fumê fingindo que a guerra civil não acontece a sua volta e reclama apenas quando um dos seus é atacado. Aos 30&Alguns acho isso tudo uma vergonha para todos nós como cidadãos e como brasileiros.

Mas essa é apenas a minha opinião, porque a grande maioria da população nem tem tempo para perder pensando nisso, no momento os pensamentos estão quase todos voltados para as Olimpíadas de 2016, na cidade que um dia realmente já foi maravilhosa. Quem dera em 2016 além das Olimpíadas a cidade pudesse mostrar ao mundo uma guinada de 360º, sendo uma cidade livre da violênica, de milícias, comunidades apinhaladas de traficantes, políticos corruptos…. “quizá” um dia, “quizá”…

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

9 thoughts on “Estado direito”
  1. Querida Veri,
    Não há neste país Estado direito e nem Estado de Direito que os políticos de má índole consigam levar à sério. Assim como a Assembléia do RJ está a de Alagoas. Com uma diferença: a de Alagoas, com a ajuda de um carioca e dois alagoanos, um piauiense colocou fora da Assembléia 40% de seus Deputados. E segundo a imprensa escrita apenas 2 Deputados dos que continuam exercendo o mandato estão ilesos de qualquer envolvimento com o crime(todas as espécies).
    Até os suplentes que assumiram tem a banda podre. Mas por aqui teve um Deputado que saiu de pistola nas mãos para matar o fiscal da Companhia Energética. Razão: um gato que o tal deputado colocou na casa em que mora.
    Aonde vamos parar, Veri?
    Quando eu vejo o vento com tanta violencia, eu percebo que a única forma de limpar a terra será a plena a devastação da raça humana.Nunca vi na vida a Carta Magna deste país ser rasgada com tanta imoralidade.
    Estamosno fundo do poço com uma única carta nas mangas: DEFENESTRAR DO TRONO TODOS ELES E COMEÇARMOS TUDO DE NOVO. Quem sabe assim consigamos ter um pouco de paz.
    Bjs e dias felizes

  2. Poxa, o post é de 2006. De lá para cá tempo para que Álvaro Lins contaminasse bem a casa e que nada fosse feito. Beijus

  3. Eu penso…as eleições estão aí….se correr o bicho pega…se ficar…o bicho come…e então… o que fazer…
    eu fico cada vez mais…enjoada…enojada…
    bjusss

  4. @Luma: Luma, isso muito me entristece, desde 2006 já estão de olho nele, e os políticos o liberam, é vergonhoso, é indecente, é podre o estado que as coisas chegaram e como andam no Brasil em geral, mas na cidade onde moro, onde há uma guerra civil e a população parece que não vê, ainda vem quem deveria cuidar da situação e está metido em corrupção da mais suja e os “colegas” de trabalho o liberam da prisão… a politicagemd a política é podre.

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