Segundo o pesquisador da Universidade Regional de Blumenau, João Luiz Gurgel, a gravidez é um período na vida da mulher que requer inúmeros cuidados, inclusive com a higiene bucal, que deve ser considerada como parte do pré-natal, isso porque existe uma relação entre doenças periodontais, parto prematuro e nascimentos de bebês com baixo peso.
Estágio avançado da inflamação dos ligamentos e ossos que fixam os dentes à gengiva, a gengivite, por exemplo, é uma doença geralmente causada pela presença da placa bacteriana, que se acumula na superfície dentária quando a higiene bucal não é realizada de maneira adequada e, no caso das gestantes, acaba sendo um problema comum, pois ao realizar a escovação, muitas mulheres sentem náuseas. Nesta inflamação, as toxinas geradas podem entrar na corrente sanguínea e prejudicar a gravidez, manter os dentes sempre limpos, especialmente na região do colo dentário, reduz significativamente o risco de gengivite durante a gravidez.
De acordo com o dentista, Rodrigo Tanajura, durante a gestação os dentes e a gengiva necessitam de cuidados especiais, por meio da higiene bucal adequada, com o uso diário do fio dental e uma alimentação equilibrada, visitas periódicas ao dentista, são medidas que ajudam a reduzir os problemas que acompanham a gestação.
Durante a gravidez, além da gengivite, a erosão do esmalte é comum e também acontece pela dificuldade que algumas mulheres têm de manter uma boa higienização, especialmente por conta dos enjoos matinais. O dentista ainda explica que em conjunto com a náusea, os ácidos se deixados na boca, podem causar erosão nos dentes. Por isso, é importante enxaguar a boca com água ou fluoreto para diminuir os efeitos dos ácidos.
Outro problema bastante comum neste período é a xerostomia, conhecida como boca seca, que pode provocar cáries e infecções. Para evitá-las, beber água em abundância, para permanecer hidratada, e mastigar chiclete sem açúcar, para aumentar a produção de saliva, são boas práticas, enfim, substituir doces por alimentos integrais, como queijo, verduras e frutas frescas também são dicas para auxiliar na saúde dos dentes.
De acordo com Tanajura é primordial informar ao dentista sobre a gravidez e fazer um acompanhamento desde o início, sendo mais confortável para a paciente realizar algum tratamento no segundo trimestre, devido à diminuição das náuseas. Além disso, nos três primeiros meses está em formação o tubo neural da criança, sendo que a anestesia e o raio-x, por exemplo, podem prejudicar o desenvolvimento. Segundo o profissional, no último trimestre da gestação, o estresse associado com a consulta pode aumentar a incidência de complicações pré-natais, analgésicos e antibióticos também não devem ser receitados durante os três primeiros meses, a não ser que sejam extremamente necessários.
Em caso de emergência, avise, antes de chegar ao consultório sobre seu estado, informando qualquer tensão que estiver sofrendo, abortos naturais anteriores e medicamentos que esteja tomando., já que estas questões podem influenciar na maneira pela qual o dentista irá tratar a paciente, sendo bem provável que ele entre em contato com o obstetra antes de iniciar qualquer tratamento.
Um dos problemas recorrentes durante a gravidez é o diagnóstico de diabetes gestacional que é diagnosticada quando há uma quantidade de açúcar no sangue superior ao normal e apesar de ser uma situação de risco para a mãe e para o bebê, existe a possibilidade de controlar este mal para garantir uma gestação tranquila.
Segundo o ginecologista e obstetra Élvio Floresti Junior, o quadro de diabetes pode ou não se reverter após o nascimento da criança, porém, quem desenvolve o distúrbio têm um aumento na probabilidade de diabetes no futuro.
O diabetes ocorre quando há uma modificação no metabolismo, quando a placenta passa a produzir uma grande quantidade de hormônios que podem prejudicar ou até mesmo bloquear a insulina, e, caso o pâncreas da gestante não aumente sua produção, a quantidade de insulina produzida torna-se insuficiente para suprir a demanda do corpo, elevando o índice de glicose e de açúcares do organismo.
As causas da doença não são exatas, mas existem condições que facilitam seu aparecimento. Uma gestação de mulheres com idade de 35 anos ou mais, histórico de diabetes gestacional, mulheres cujo filho anterior nasceu acima do peso ou mulheres que ganharam peso excessivo durante a gravidez, histórico de intolerância à glicose ou histórico de diabetes na família, hipertensão, ovários policísticos, histórico de aborto de repetição e crescimento excessivo do feto, podem facilitar o aparecimento do diabetes gestacional.
O obstetra explica que quando os níveis sanguíneos de glicose não são controlados, as consequências são inevitáveis tanto para a gestante como para o bebê. Para as mães aumentam a possibilidade de desenvolver infecções urinária, candidíase e até pré-eclâmpsia. Já o bebê, caso o diabetes não seja tratado de forma eficiente, aumenta os riscos de parto prematuro, problemas metabólicos, má formação e até aborto espontâneo.
O histórico de diabetes gestacional se torna um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes Tipo 2. Após o parto é necessário que a mãe realize exames de acompanhamento. Por isso é importante que desde o início a gestante esteja em constante acompanhamento de pré-natal, além de seguir uma alimentação balanceada e se possível praticar atividades físicas regularmente.
Segundo a dermatologista Catarine Padoveze, o corpo da mulher passa por uma série de alterações ao longo da gestação, entre elas as mais comuns são o aparecimento de manchas e acne, a Dra. explica que a gestante pode fazer tratamentos para clarear a pele durante a gestação, porém nem todos os produtos estão liberados neste período., o ideal é procurar um dermatologista para que ele realize uma avaliação e consequentemente elabore o melhor tratamento. A prevenção é fundamental, as gestantes nunca devem dispensar o uso de filtro solar, que deve ser aplicado pelo menos 3 vezes ao dia.
Para o tratamento de acne não é recomendado o uso de isotretinoína, ácido retinoico, ácido glicólico, encontrado em altas concentrações em produtos tópicos e em alguns antibióticos via oral a dermato explica que existem alternativas, como o ácido azelaico – um ativo mais suave no combate à acne, mas que também pode ser útil como clareador de manchas – e o peróxido de benzoíla que é mais potente, mas pode deixar a pele sensível no início do tratamento.
Abaixo algumas medidas recomendadas pela Dra. Catarine que podem ajudar a prevenir danos causados à pele durante a gravidez:
– Lave seu rosto com água fria ou morna duas vezes ao dia. Sabonetes à base de enxofre são permitidos e podem ser úteis no controle da oleosidade.
– Use um filtro solar em gel ou loção oil free, com FPS 30 ou mais, anti UVA e UVB.
– Se você gosta de maquiagem, use uma apropriada para peles oleosas e com tendência a acne.
Tratamentos que podem ser realizados durante a gestação:
– Limpeza de pele: Algumas mulheres notam um aumento da oleosidade da pele e surgimento de acne, principalmente no primeiro trimestre. A limpeza de pele não apresenta contraindicação para gestantes, a não ser quanto ao uso de alguns ácidos.
– Drenagem Linfática: Para as gestantes que estão retendo muito líquido e que já apresentam pés e pernas inchadas, ou para quem quer evitar que isso aconteça, aposte na Drenagem Linfática Manual. A técnica ajuda na redução do edema, favorecendo a circulação, aliviando a sensação de peso e cansaço.
– Prevenção de estrias: Hidratar é uma das maneiras de evitar que as estrias apareçam. Existem cremes específicos para gestação, e a ingestão de água e o controle de peso também ajudam a prevenir as temidas marcas.
Procedimentos que não devem ser realizados durante a gestação:
– Peeling químico: O peeling realizado com ácidos é utilizado no rejuvenescimento cutâneo, no tratamento de acne e manchas, mas não é recomendado para gestantes. Como não há evidências conclusivas quanto à ação dos ácidos, orienta-se à gestante que não faça tais procedimentos estéticos.
– Rejuvenescimento com uso de toxina botulínica: A aplicação da toxina botulínica é utilizada para o rejuvenescimento através da paralisação dos músculos da face. Como não existem estudos nesse sentido, a regra é evitar tudo que se têm dúvidas, uma vez que a mulher fica mais predisposta à reações alérgicas nessa fase, e ainda por não haver evidências conclusivas quanto ao uso da toxina durante a gestação.
Em todos os casos, seja no pré-natal odontológico, diabetes gestacional e tratamentos dermatológicos, é fundamental o acompanhamento médico para que, sempre que houver qualquer dúvida sobre o que é ou não permitido neste período, a gestante possa sanar qualquer questão.