Doenças periodontais sem tratamento aumentam os riscos de infarto e AVC
A saúde bucal é fundamental para uma vida saudável em todas as faixas etárias, já que ela está diretamente relacionada ao bom funcionamento de todo o organismo. Estudos demonstram que pacientes com uma condição de saúde bucal precária, por exemplo, apresentam mais riscos de ter doenças respiratórias e cardiovasculares, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Por conta da boca ser a porta de entrada do organismo, existe uma circulação intensa de bactérias na cavidade oral, como as que provocam cárie, cálculo dentário (mais conhecido como tártaro), gengivite e periodontite – aquela que afeta a parte óssea, podendo levar à perda dos dentes.
“Pacientes com doenças gengivais apresentam até oito vezes mais bactérias na corrente sanguínea. Além disso, esses altos níveis podem servir de fonte para infecções respiratórias, especialmente em pacientes que passam por ventilação mecânica (entubados)”, destaca o Dr. Emanuel da Silva Rovai, membro da Câmara Técnica de Periodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
No sistema respiratório, o processo bacteriano ocorre pela aspiração de patógenos orais que se alojam nos pulmões, o que acarreta no aparecimento de infecções como a pneumonia. Se o destino são as articulações, os microrganismos bucais e a inflamação causada por doenças gengivais podem ajudar no desenvolvimento e agravamento de quadros de artrite reumatoide. Como o organismo não espera encontrar esses micro-organismos fora de seu habitat natural, não há o preparo para se defender de forma adequada. Isso pode ser ainda potencializado nesse período em que as baixas temperaturas elevam o acometimento de doenças cardiovasculares e respiratórias.
Para pacientes que possuem próteses em válvulas cardíacas, o cuidado com a higienização deve ser ainda maior, já que as bactérias do meio bucal podem se alojar na prótese e causar endocardite bacteriana. “Outro fator importante em pacientes cardiopatas é que devemos manter um controle periodontal rígido, preferencialmente com periodontista, para que seja possível manter uma saúde gengival adequada e, assim, o paciente terá um menor risco de sofrer algum evento cardiovascular”, completa o Dr. Emanuel.
Fluoretação da Água
Em 2020, o Ministério da Saúde por meio da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SB Brasil) iniciou o quinto estudo sobre o atual cenário da saúde bucal dos brasileiros. Em 2003, 69% das crianças tinham cárie, fator que contribui para o agravamento da saúde bucal, que muitas vezes gera a necessidade de realização do tratamento de canal. Após sete anos, o número caiu para 56%. No ano de 2011, foi realizado o Seminário sobre Vigilância da Fluoretação de Águas, em 2011, que gerou um parecer técnico sobre a importância da manutenção da inserção de fluoreto na água, para o combate da cárie e a adoção de políticas públicas sobre o assunto. A fluoretação é obrigatória no país desde a década de 1970.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3,5 bilhões de pessoas no mundo têm sido afetadas por doenças bucais e, de acordo com o Global Burden of Disease Study (esse estudo é reconhecido?) de 2017, a cárie dentária em dentes permanentes é um dos distúrbios mais frequentes.