Quando tinha uns 10 anos, achava que os meus primos que tinham 18, 19 , 20 anos eram tão mais velhos, tão adultos, alguns já estavam na faculdade, outros trabalhando e eu não via a hora de fazer 15 anos.
Os 15 chegaram e como todo adolescente me sentia a “adulta”, mas ainda não via a hora de fazer 18 anos e poder ter meu carro, ser maior de idade, acreditava que nessa idade eu não teria que dar satisfação de nada aos meus pais, pura ilusão…
Aos 18 saia com minhas amigas, todos as noites eram boas, a pergunta mais frequente era “qual é a boa da night?” e achava as “coroas”de 28, 30 anos que frequentavam os mesmos lugares , velhas.
Hoje aos 30 anos não acho pessoas de 30 velhas, nem de 40, nem de 50, e por incrível que pareça nem as de 70. A noção de idade e tempo e velhice cada dia que passa se torna mais distante, principalmente quando vejo o meu avô com 93 anos de idade.
A relatividade das idades e do passar dos anos vem acompanhada de uma certa maturidade, que ao mesmo tempo ainda é bem pouca se eu acreditar que chegarei um dia aos 93.
Quase um século de vida é algo muito louco, pois se pararmos para pensar tudo que para a gente é normal, faz parte do nosso cotidiano hoje aos 30, não fazia parte do cotidiano dele.
Hoje fico louca se:
– não tenho um computador ao meu lado para checar meus emails, meu orkut, meu fotolog, meus sites….
– quando ligo para alguém e a pessoa ainda não tem uma secretaria eletrônica em casa que eu possa deixar recado…
– não ter tv a cabo, mesmo sendo um luxo “necessário” para quem pode, também é algo muito estranho…
CD, DVD, Freezer, Microondas, Celular, Fax, Scanner, Impressora, Máquina Digital, entre tantos outros “luxos” se tornaram parte do nosso dia a dia.
E quando volto a pensar no meu avô, imagino como era na sua época em que televisão era um luxo que poucos possuiam, canais eram 2 ou 3, telefone nem se fale, ao invés de email eram telegramas, nem todos tinham geladeira, as compras eram feitas quase que diariamente…
Certa vez na faculdade, uma professora que tinha acabado de voltar dos Estados Unidos, disse que seu filho quando chegou na casa de sua mãe no Brasil e viu o telefone que era de discar, ficou olhando, voltou e perguntou como que aquilo funcionava.
Para meus filhos esses “luxos necessários” da atualidade, serão relíquias, assim como os meus vinis se tornaram e eu nem tenho um aparelho para escutá-los.
A não ser a preguiça de ir para baladas fortes, pois um simples chopp com os amigos para mim atualmente já basta e me faz feliz, 30 ainda é novo, 40, 50, 60 e 70 também, aos 80 acho que as pessoas estão começando a envelhecer.
Idade, velhice, modernidade, tecnologia… é tudo muito relativo.
*publicado originalmente 21.02.2006