Às vezes, o Destino prega peças inusitadas na vida das pessoas. Com um simples ato de solidariedade, um país pode ir à ruína. Ou talvez, seja a salvação de toda uma geração. Mas o que se menos espera, é que o Destino também possa interferir na História.
“De certa forma, acredito que você já me conhece. Eu sou o Destino. E como entrei aqui? Bom, deve saber que não preciso de convite para entrar em parte alguma. Na verdade, eu já estou em toda parte”. (p. 6)
Na obra O Labirinto das Moiras, a médica e escritora Tânia Calciolari exibe o Destino como um dos personagens. Como se tecesse ou tricotasse um tecido, a autora natural de Araras/SP, e que hoje mora em Brasília, apresenta diferentes histórias que também fazem parte da memória do Brasil, e que são o pano de fundo para o desfecho desse romance, que perdura para além das gerações e dos seres.
Com a imigração italiana e a ditadura militar na base dos relatos, a autora expressa como esse percurso do tempo é um reflexo das ações dos homens. Em sua personificação de herói – o imigrante italiano Pietro Zanetti – Tânia conclui desde o início que nem sempre é possível realizar os objetivos com a própria força e vontade. Às vezes, é preciso de uma ajudinha do próprio Destino.
A própria autora também é um exemplo de como a vida percorre caminhos suntuosos para a vitória. O Labirinto das Moiras teve início quando Tânia estava em tratamento para a Hepatite C, em 2011. Na época, apenas 40% dos pacientes mostravam resultado ante as intermináveis injeções de Interferon. Esse número lhe causou uma angústia aguda e um medo crônico de ter um futuro e presente roubados de si.
E é justamente essa falta de livre-arbítrio e individualidade que a autora explora em sua narrativa. Utilizando a mitologia grega como inspiração, Tânia trilha o caminho que o Destino faz, cego ante às próprias amarras e limitações, porém perdidamente apaixonado pelos truques que o amor realiza com todos os seres. Como se fosse mais uma artimanha do próprio Destino.