3 em cada 5 mulheres brasileiras deixariam seu trabalho se sentirem que não tem possibilidade de crescimento na carreira
O número de mulheres supera o dos homens no Brasil, mas isso não se reflete na indústria de tecnologia, onde as mulheres anseiam por igualdade de gênero quando se trata de plano de carreira e renumeração
As mulheres no setor de tecnologia do Brasil revelaram que o principal fator que as levariam a deixar seus empregos é se sentissem que são impedidas de se desenvolver na carreira.
O Indeed, site número um de empregos do mundo, encomendou à Toluna Insights uma pesquisa com mais de 1.000 brasileiros, e descobriu que três em cada cinco mulheres (59,5%) da indústria da tecnologia do país consideram a falta de crescimento profissional como principal motivo para deixar um emprego. Assédio sexual (55,7%) e assédio verbal (54,6%) foram a segunda e terceira razões mais importantes citadas por elas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do país é composta por cerca de 4,5 milhões a mais de mulheres do que de homens. Essa disparidade cresceu desde a década de 1980, quando as mulheres superaram os homens em 753.000 e espera-se que aumentem ainda mais, com estimativas de que em 2060 haverá 6,3 milhões a mais de mulheres do que homens no país.
No entanto, outro levantamento do IBGE descobriu que, dos mais de 580 mil profissionais que trabalham no mercado da tecnologia no Brasil, apenas 20% são mulheres, sugerindo que o desenvolvimento da carreira está sendo impedido antes que as mulheres possam entrar no setor. Além disso, a pesquisa do Indeed também encontrou que 43% das mulheres vêem as possibilidades de acabar com o preconceito/discriminação como um dos benefícios do empreendedorismo.
“Os resultados do nosso estudo mostram que as mulheres que sentem estar sendo atrasadas por um empregador por causa do seu gênero não estão mais dispostas a aceitar a desigualdade no local de trabalho”, disse Felipe Calbucci, Country Manager do Indeed no Brasil. “Esperamos que as iniciativas no local de trabalho ajudem a mudar a mentalidade e que à medida que a proporção de mulheres para homens no Brasil continue a crescer, começamos a ver a porcentagem de mulheres trabalhando na indústria de tecnologia subindo para um nível mais equilibrado”.
Tal desenvolvimento provavelmente também exigirá mudanças na estrutura salarial entre os gêneros, já que enquanto os homens disseram que se houvesse alguma coisa que seu trabalho pudesse oferecer seria a possibilidade de trabalhar em casa, as mulheres disseram que prefeririam um reajuste salarial.
“Nossos resultados sugerem que embora os homens brasileiros em tecnologia estejam confortáveis com seus salários – escolhendo duas outras opções (home office e flexibilidade) antes do salário – as mulheres definitivamente não estão”, disse Calbucci. “Isso pode dar a entender ainda não há igualdade salarial entre gêneros”.
Qualquer sugestão de que as mulheres são mais focadas no dinheiro também foi descartada pelo estudo do Indeed. Perguntadas sobre o motivo principal pelo qual as mulheres na tecnologia querem ser empreendedoras, “ser rica” foi selecionado como apenas o sexto fator mais importante.
A resposta mais popular, porém, foi o desejo de ser seu próprio patrão, seguido de liberdade e flexibilidade no ambiente de trabalho. De acordo com o Sebrae e o Global Entrepreneurship Monitor, do IBPQ, 24 milhões de mulheres são empreendedoras no Brasil e todos esses dados combinados mostram que a conscientização sobre o empoderamento está dando às mulheres a coragem de investir em sua própria independência.
Metodologia
Pesquisa realizada pela Toluna Insights em 4 de fevereiro de 2019 com 1.060 pessoas nas classes A, B e C, segundo os critérios de classificação utilizados pela Abep – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, onde as pessoas da classe C2 possuem renda familiar média de R$ 1.625 por mês.
* Artigo enviado pela assessoria de imprensa do Indeed