Como já disse em outro texto esse ano senti que comecei meio devagar, mas tenho pensado em muitos assuntos que podem ser abordados, e dois dias atrás eu havia pensado em escrever um texto sobre algumas coisas que eu achava legal quando era criança e que na verdade não erão necessariamente legais.
Um exemplo: quando tinha uns 7 anos de idade eu queria porque queria usar aparelho nos dentes, até mesmo abria uns clips e colocava na boca (olha o perigo) fingindo ser aparelho. Pois bem, quando fiz 15 anos e realmente tive que usar aparelho, odiei, era incômodo, se comia couve ou algo parecido levava horas escovando os dentes, porque o alimento grudava que era uma beleza para não dizer o contrário.
Nessa mesma época, em torno dos 7 anos, comecei a dormir na casa de diferentes amigos da escola e descobri que a maioria tinham os pais separados, a princípio achei super legal, imagina você ter duas casas, dois quartos, etc… com o tempo comecei a reparar que a maioria das vezes a casa da mãe era muito mais simples que a casa do pai, que geralmente também tinha uma nova esposa, enquanto a mãe não tinha um novo marido.
Acabei preferindo a minha família no geral, onde até o dia de hoje, houve apenas uma separação, mas isso também acho que tem muito haver com um texto que escrevi a quase dois anos atrás – Meu núcleo familiar e eu.
E no mesmo dia que estava pensando na minha infância e as impressões que tinha das coisas, acabei me deparando com um link no Digg para o texto no Eureka Alert – ” 1 out of 4 children involved in a divorce undergoes Parental Alienation Syndrome” (1 em cada 4 crianças envolvidas em divórcio sofre da Síndrome de Alienação Parental).
A Síndrome de Alienação Parental (PAS – Parental Alientation Syndrome) consiste na manipulação da crianças pelo responsável que possui a guarda da mesma, tentando continuamente fazer com que a essa fique contra o outro genitor(a), fazendo despertar nela sentimentos de ódio e desprezo, geralmente pelo pai, já que na maioria das vezes a mãe fica com a guarda da criança.
Segundo Mª Rosario Cortés, co-autora do livro “Conflictos matrimoniales, divorcio y desarrollo de los hijos”, quem tem a guarda tenta fazer uma lavagem cerebral na criança, virando-a contra o outro genitor(a), na maioria dos casos, o processo é muito sútil, utilizando frases como “se eu te contasse algumas coisas sobre o seu pai” ou fazendo com que a criança sinta-se culpada cada vez que sai para visitar, passar o final de semana ou férias com o outro.
O grupo responsável pela pesquisa que virou tema do livro, os professores da Universidade de Granada, José Cantón Duarte, Mª Rosario Cortés Arboleda, and Mª Dolores Justicia Día, salientam que há muitos outros fatores que influenciam a PAS, muitas vezes consistem em atitudes inaceitáveis por parte do detentor da guarda, que aproveita a vulnerabilidade psicológica da criança, o caráter e comportamento dos pais, dinâmicas entre irmãos, ou os conflitos existentes entre o casal divorciados. Com freqüência as crianças que sofrem com esse tipo de atitude começam a rejeitar o pai, como também os seus parentes e amigos.
Alguns sintomas: a criança acaba encontrando justificativas para as atitudes do guardião, denegrem o outro genitor(a), possuem sentimentos negativos em direção do outro, nega ser influenciado por qualquer um (pleiteando responsabilidade por suas atitudes), não sente nenhuma culpa por denegrir o pai/mãe alienado, e conta acontecimentos que não foram vivenciados mas sim relatados através do tempo pelo responsável por sua guarda.
Os autores do livro ressaltam que é mais freqüente ocorrer com crianças entre 9-12 anos de idade do que entre adolescentes e que ocorre com mais frequência em casos onde os pais não tiveram uma separação amigável.
Quem acompanha o blog, sabe que meus pais estão casados a 38 anos, mas tenho muitos amigos e pessoas próximas a mim que tem os pais separados desde pequenos. Noto a diferença em comemorações de aniversário, aqueles cujos pais se separaram amigavelmente geralmente contam com a presença dos pais, padrasto/madrasta e meio-irmãos nas festas, os que geralmente sofreram e nem mesmo sabem da Síndrome de Alienação Parental, sofrem o constante dilema de quem convidar, se ambos os pais estão presentes em um mesmo local, mesmo após anos depois da separação, ainda há conflito e o responsável pela guarda na época da separação, geralmente a mãe, mesmo após anos ainda não consegue ver o outro como parte da família do filho(a).
Aos 30&alguns vejo que essa atitude que muitas vezes é impensada, gera inúmeros problemos para os filhos, muitas vezes tendo que ser tratado na idade adulta com ajuda de um pscicólogo/psiquiatra. Seria tão melhor se os pais não se esquecessem dos filhos na hora da separação, mas como não vivemos em um mundo perfeito, infelizmente esse fato ocorre diariamente e se você que está lendo separou-se e tem filhos, reveja seus atos e pense nas consequências futuras que podem trazer aos mesmos. 😉
Pais e Filhos e muito mais | 30 & Alguns…
1 em cada 4 crianças envolvidas em divórcio sofre da Síndrome de Alienação Parenta…
rsrs tb queria usar aparelho quando pequena…comecei a usar o aparelho móvel e perdia sempre!rsrs
Muito legal teu texto sobre os pais separados, eu sou separada do pai do meu filho! Temos uma relação tão legal que as outras pessoas não entendem rsrs. Sempre tivemos muito carinho um pelo outro, e diferente de alguns casais, priorizamos o Lucas nosso filho, e não os nossos problemas! Participamos de tudo como uma família, lógico a do Lucas é maior…soma – se mãe, pai, madrasta (boadrasta rsrs), padrasto…mais os parentes de todas as famílias…é imensa…Mas sempre fazemos isso! O Lucas mora comigo, mas sempre visita o pai dele com frequencia!
Achei o texto muito legal mesmo, meus pais estão casados há mais de trinta anos tb!!
beijos meus
É isso mesmo… criança tem cada uma, não é ? Onde já se viu querer colocar aparelho nos dentes!
Eu me lembro que achava o máximo usar óculos. Não me pergunte porque !
O pior é que desde os 21 anos sou obrigado a usar uma droga dessas na cara…
Se a gente soubesse…
A questão dos pais separados é interessante. Quando papai morreu eu tinha 14 anos, mas aí é completamente diferente. Digo, a postura da sociedade da época (década de 60) com relação a um falecimento.
Sou casado já tem unnnnnnnnnnnnsssssss 31 anos (com a mesma mulher, né…) e a vida de casais separados é ou era meio distante… Com as amigas de minhas filhas é que tenho notado mais isso.
Muito bem colocado, Veridiana.
E um beijão!
Gostei da escolha do tema e da abordagem, sempre me agrada vir aqui, lembro de ter lido um livro que gostei sobre psicologia infantil “Amor, culpa e reparação”
Veridiana, um tema super interessante e de utilidade pública. Não sei se você sabe disso, mas sou separado e tenho uma filha hoje com onze anos. Na época da separação ela estava com cinco anos e posso garantir que isso acontece mesmo. Considero que a maior vitória da minha vida foi conseguir reverter esta tendência e equilibrar novamente as coisas, pois que manipulação existiu sim e custou-me muitas noite de sono até que encontrei um caminho para que as coisas retornassem ao normal. O primeiro deles: pedia todos os dias a Deus (e peço até hoje) para que as minhas escolhas pessoais não tivessem força para prejudicar minha filha. Depois, ligava todos os dias para a minha filha e, mais tarde, passei a pegá-la todos os finais de semana e feriados e, claro, nisso tive a colaboração da mãe dela, sem o que não seria possível. Mas o mais importante de tudo: falasse a mãe dela o que falasse a meu respeito (e os filhos sempre trazem as notícias), eu jamais me defendi das ofensas injustas, nunca falei mal da mãe dela e sempre disse para a minha filha que a mãe dela fazia o que era possível e se dizia isso ou aquilo de mim é porque certamente tinha seus motivos e acreditava naquilo. Foi assim. Foi preciso uma paciência de Jó, mas afinal concordei com Jesus que a melhor saída é sempre dar a outra face e nunca revidar uma ofensa. Hoje colho os frutos. Minha filha tem certeza de que pode contar com a mãe e com o pai e defende os dois. Ressente-se, por óbvio, por estarmos separados há quase sete anos, mas sabe que isso não tem jeito porque o amor acabou. No entanto, hoje eu e a mãe de minha filha somos mais amigos do que antes e sempre que podemos fazemos passeios a três em datas comemorativas como o Dia das Crianças. No entanto, como advogado militante na área de família, assino embaixo da conclusão desse estudo que menciona: o guardião manipula a criança contra o outro. Infelizmente é assim e o maior prejudicado é o menor que, a bem da verdade, necessita de pai e mãe e tem o direito de ter a ambos para auxiliar no seu desenvolvimento. Uma pena que isso seja deste modo. Abraços, Mário.
Posso garantir que atenção e carinho constantes do pai (normalmente,o cônjuge sem a guarda), bem como muitas conversas francas, diminuem esse risco. Pena que muitos se preocupam mais em aproveitar a recente “liberdade”…
Assunto bem apropriado. É bem verdade que há esta manipulação, mas, o importante é que os pais pensem menos em si e mais no filho. Penso que os casais que se separam deveriam fazer uma terapia.
Um ótimo fim de semana, viu!
beijo, menina
E alguns motivos de separação são tão ordinário, vil, pifio! Não é?
Veridiana, esses assuntos de quando eramos crianças nos ajudam e muito a rever conceitos e a mim, tem me ajudado a segurar a onda de ter que conviver com um novo mundo, com novos olhos.
VOltei a blogar deppis de dias doente. Beijos e vou reler vezes sem fim esse texto..Beijocas
Também queria usar aparelho nos dentes e ficava toda prosa com meus óculos! Só não gostava da bota ortopédica…
Essa questão de pais separados é bem delicada, vejo várias crianças divididas e tristes pelas guerras entre os pais. Meus pais também são separados, mas eu já era “grande” quando tudo aconteceu e mesmo assim eu senti bastante! Meu irmão caçula, na época com 10 anos, sentia-se num fogo cruzado e até hoje mantém a esperança de que tudo volte a ser como antes…
Beijos
Realmente é algo para analisarmos e pensarmos nas crianças, agradeço a todos por terem exposto aqui um pouco de suas vidas e pontos de vista. Obrigada por me ajudarem a fazer esse blog. bjs 😉