Aos 30 anos e 40 anos de idade, muitas pessoas novas entram em nossas vidas, seja através do trabalho, encontro dos filhos com amiguinhos, mídias sociais como Facebook, entre outros locais, mas amigos de verdade, do tipo que você faz na faculdade, que você liga quando está em crise ou tem um problema, esses ficam cada vez mais difíceis de encontrar.
Quando nos aproximamos da meia-idade, aquela vontade de explorar, de conhecer, vão desaparecendo, os horários, assim como as prioridades mudam e as pessoas muitas vezes se tornam mais exigentes em relação ao que esperam e querem de seus amigos, fazer “melhores amigos” como na adolescência ou no início da idade adulta já não é tão fácil. É hora de resignar-se com amigos situacionais: os amigos para agora.
Muitas vezes, as pessoas percebem o quanto têm negligenciado a importância de ter um grupo de amigos apenas quando se deparam com uma grande mudança em suas vida, como por exemplo, um divórcio, uma doença, falecimento ou quando mudam de cidade/estado/país.
Normalmente fazemos mais amigos na escola e no primeiro emprego, após um divórcio geralmente as pessoas percebe como suas listas de amigos atrofiou, durante anos se concentram na carreira e na família e muitas vezes, de repente, com a esposa ou o marido fora de cena, percebem que estão sós. Mesmo aqueles cujas casas viviam cheias, depois da separação percebem que os amigos que ali frequentavam, na verdade, eram mais amigos ou tinham no fundo mais afinidades com a outra metade.
Em estudos realizados no Centro de Stanford sobre Longevidade, na Califórnia, foi observado que as pessoas tendem a interagir menos conforme vão alcançando a meia-idade, porém ficam mais próximos dos amigos antigos, um dos motivos é o despertador interno que os avisa, por volta dos 30 anos, que o tempo está diminuindo, que é hora de parar de explorar e se concentrar no aqui e agora, no que é mais importante emocionalmente do que ficar indo em baladas, em vez disso, muitos optam por passar mais tempo com as crianças.
Mudando as condições externas, torna-se mais difícil cumprir as três condições que os sociólogos desde a década 50 consideram crucial para fazer amigos verdadeiros: proximidade; repetitividade, interações não planejadas, uma configuração que incentiva as pessoas a baixarem a guarda e confiarem um no outro, é por isso que tantas pessoas encontram seus amigos de toda a vida durante a faculdade.
No mundo profissional, a “proximidade” é difícil de manter, já que colegas de trabalho podem ser realocados ou mudarem de emprego. O local de trabalho pode crepitar com a concorrência, as pessoas tendem a esconder vulnerabilidades e peculiaridades dos colegas, assim as amizades muitas vezes assumem uma forma transacional, é difícil dizer onde termina o networking e onde inicia a verdadeira amizade, sem falar nas diferenças de status profissional e renda que podem complicar, é difícil quando os “amigos” tem uma diferença salarial evidente.
Quando as pessoas se casam, os desafios de fazer novos amigos aumentam, fazer amizades com outros casais se torna mais complicado, ao invés de duas pessoas se entenderem e se gostarem, agora são quatro pessoas tendo que se entender, gostar, ter vontade de estarem juntos, seja para irem a um barzinho, cinema, restaurante, ou até mesmo um churrasquinho em casa.
Adicionando crianças à mistura as coisas acabam ficando ainda mais complicadas, de repente, você está cercado por um novo círculo de “amigos pais”, onde os laços emocionais podem ser muito tênues, as pessoas começam a passar dias inteiros juntas com outras as pessoas que nunca o teriam feito se não fosse por seus filhos e mesmo quando os pais se tornam amigos de verdade, as amizades resultantes podem ser passageiras e sujeitas aos caprichos das próprias crianças.
Fatores externos não são o único obstáculo. Depois dos 30, as pessoas muitas vezes experimentam mudanças internas na forma como abordam a amizade. A auto-descoberta abre caminho para o auto-conhecimento, para se tornarem mais exigentes sobre quem os cerca, evitando manipuladores, dramáticos, egocêntricos, entre outros.
Ao longo dos anos, com as decepções, muitas pessoas desenvolvem uma visão mais fatalista sobre a amizade. Quando jovens, definem a amizade de forma cinemática, onde amigos são irmãos e falta de lealdade total significa a excomunhão do grupo, o fim da amizade. Conforme as pessoas vão envelhecendo, esse modelo torna-se irreal , com o avançar da idade aprendem que devem conciliar as responsabilidades do trabalho, a família e os amigos existentes, tornando-se mais cautelosos em fazer-se emocionalmente disponível para novas pessoas.
Algumas pessoas simplesmente reduzem suas expectativas, tendo uma abordagem extremamente eficiente e buscando pessoas com idéias, vontades ou pensamentos parecidos para preencher necessidades muito específicas como ter um amigo para ir tomar um drink, outro para leitura, um “amigo pai”, amigos para praticar um esporte específico, e assim por diante. Essa é uma maneira mais fácil de preencher as lacunas que na adolescência e início da idade adulta muitas vezes era preenchidas por um ou dois amigos apenas, essa acaba sendo uma abordagem menos exaustiva na busca por um novo amigo.
A verdade é que os amigos podem não admitir, mas as amizades começam porque as pessoas se “apaixonam” uma pelas outras, não no sentido de amor carnal, e sim no sentido de sentirem-se entusiasmadas, cheias de afeto, inspiradas. Se apaixonam uns pelos outros, às vezes, à primeira vista ou a primeira cerveja. Essas geralmente são as amizades mais duradouras, independente da distância física, casamentos, filhos, divórcios e da passagem do tempo, depois de um tempo, pode ser que os amigos não falem tão freqüentemente quanto gostariam, devido às exigências do trabalho e da paternidade, porém ambos sabem que a amizade é forte e que sempre poderão contar um com o outro até a velhice.
Da mesma forma que os amigos se apaixonam, eles também perdem o encanto, e assim os jantares ocasionais, trocas de emails, telefonemas, entre outras formas de se relacionarem, param completamente e aí que entram os egos que geralmente ficam no caminho, podendo levar anos, ou uma vida inteira, para os amigos esquecerem e superarem o rompimento da amizade.
Mas é claro que os jovens de 30&Alguns não devem desanimar, é possível fazer amizades verdadeiras em qualquer época de sua vida, algumas pessoas têm mais facilidade de fazer amigos à medida que envelhecem, criando um grupo mais sólido de amigos.
Mesmo que você não esteja saindo com outros pais por causa dos filhos, sempre tenha a mente aberta, já que muitas amizades começam por causa das crianças e duram anos, superando as amizades infantis.
De maneira nenhuma as pessoas apesar dos compromissos do dia-a-dia, trabalho e paternidade, podem sentir-se incapazes de fazer uma nova amizade verdadeira e significativa depois dos 30, pode ser mais difícil, mas às vezes as pessoas acabam tendo sorte e encontrando amigos que os acompanharão durante muitos anos, afinal a média de vida moderna supera os 80 anos de idade. Pense nisso!