*Por Antonio Loureiro 

Atire a primeira pedra quem não aprendeu com os pais ou avós que ter um emprego estável, que garantisse seu trabalho por mais ou menos uns 30 anos, ou até a data da sua aposentadoria, era primordial para uma boa carreira e para a vida pessoal de qualquer cidadão. Ou então se você começasse a atuar na empresa como estagiário e fosse galgando novas posições até, quem sabe, alcançar o nível executivo/presidencial? O fim da jornada estava escrito; lá pelos seus 60 ou 65 anos era hora de assinar a aposentadoria e estava tudo certo. Isso mesmo, estava.

Com certeza a ‘fórmula’ descrita acima já foi o roteiro da vida de muitas pessoas – estuda, estagia, efetiva, trabalha e aposenta –, mas isso está para mudar. À medida que a tecnologia vai influenciando a maneira como cuidamos da nossa saúde e, inclusive, alterando nossos hábitos; é de se esperar que a longevidade também aumente; fato que já está acontecendo.

Há alguns anos, quando você começou a sua carreira no mercado de trabalho, a expectativa era de que produzisse até pelo menos os 60 anos. Hoje, e com um número bastante ousado, prepare-se para produzir por pelo menos mais 30. Inovações, pesquisas e até a própria Ciência, estão trazendo novas tecnologias, e esses são os principais fatores para melhoria da qualidade de vida e da maior longevidade do ser humano.

Mas se vamos viver mais, como faremos isso? Talvez você até continue na mesma empresa em que atua há mais de 20 anos; e sorte a sua ter o que chamam de carreira sólida, mas não se engane, as companhias não estão preparadas para isso. O mercado ainda pode demorar para reconhecer que aos 60 estamos em uma nova fase criativa, e que a expertise adquirida ao longo da vida tem alto valor estratégico. Nós e as novas gerações devem viver ainda mais, e somado ao fato de que a tecnologia nos deu cacife para sermos ainda mais ‘donos do nosso próprio nariz’, mais do que nunca, esse é o momento de uma consciência empreendedora surgir.

Quem espera nem sempre alcança

Não durma no ponto, invista em conhecimento e inovação. O que está acontecendo no mercado? A minha área de atuação vai ter espaço no futuro? Atente-se às tendências; a tecnologia tem modificado paradigmas e os hábitos de consumo. Você sabia que só em São Paulo o número de primeiras habilitações emitidas caiu 20% em 2015? Um dos motivos é comprovadamente o uso de serviços de economia compartilhada – Uber, por exemplo – e até a mudança cultural da preocupação com o meio ambiente.

Autonomia será a palavra de ouro nos próximos anos, inovar já é quase que uma obrigação, e o mercado não vai esperar você se aposentar para iniciar, e isso não é de agora: Irineu Marinho, pai do empresário Roberto Marinho, fundou a Rede Globo um mês antes de completar 50 anos. Abílio Diniz assumiu oficialmente a presidência do Grupo Pão de Açúcar aos 59 anos.

Se há alguns anos éramos preparados para um ambiente onde seríamos liderados, esse cenário já mudou muito. Seja aos 20 ou aos 60 prepare-se para trabalhar para você, entenda os desafios da sua geração – mobilidade, fintechs, youtube, startups -, e se você for estagiário, não há problema, empreenda mesmo assim desde já. Os desafios que você tem agora não serão os mesmos daqui alguns anos, então comece a aprender agora o que vai garantir expertise para superar os desafios que virão.

A dica

O que fazer quando parece que não há mais o que fazer? Pois há sim. A questão é não esperar os anos passarem e então começar a pensar em outras possibilidades. Essa dica é para o profissional de qualquer idade; invista em um plano ‘Plano B’ agora, e assuma a empresa em que você atua como uma escola, a sua formação não terminou no Ensino Médio ou na faculdade. É hora de aproveitar os benefícios que a longevidade tem trazido e aplicar agora. E as tecnologias digitais e as necessidades mundiais demonstram cada vez mais o quanto precisamos de bons negócios acontecendo. “O quanto a minha marca profissional atual já está se transformando em uma marca empreendedora atual? ”, aproveite a sua bagagem; nem sempre é preciso deixar a companhia em que você atua para investir em uma atividade própria, mas se for preciso, sempre há o que se fazer. Empreendedorismo não tem idade, seja com 20, 50, ou 70. Qual o problema em fundar uma empresa depois dos 65 anos? Nenhum, e o ânimo vai ser o mesmo de quando você tinha apenas 20.

 *Antonio Loureiro é sócio-fundador da Conquest One. 

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