Na noite em que o Adriano nasceu, deitada na cama do hospital enquanto ele dormia no berço e o meu marido no sofá ao lado, escrevi uma carta ao meu menino que havia acabado de chegar ao mundo:

“Querido filho Adriano,
Obrigada por ter me escolhido para ser sua mãe. A emoção que venho sentindo nos últimos nove meses e que senti hoje ao ouvir seu choro, tem feito de mim uma mulher melhor e se Deus quiser, isso tudo tem a fazer de mim uma mãe sábia, amável, companheira, capaz de sempre te ajudar, te amar, te guiar e fazer de você um homem bom, justo, querido, que tenha discernimento e consiga distinguir o certo do errado, o bem do mal.
Você acabou de chegar e já me transformou.
O meu coração é só amor.
Agradeço a seu pai por esse presente que recebi hoje. Agradeço a vovó Dedé e ao vovô Sergio por terem sempre me amado e me darem a base para conseguir ser para você o que eles são e foram pra mim.
Eu te amo meu filho.
Deus te abençoe hoje e sempre.
Beijos da sua mãe”.

Quatro anos passaram e o básico que eu continuo desejando a ele é que realmente seja um homem bom e justo, e às vezes quando vejo mães de crianças com a mesma idade do meu pequeno conversando sobre onde colocarão os filhos para estudar no ensino médio, ou até mesmo desde o maternal já pensando no ensino fundamental, eu reflito sobre o que eu realmente quero para o futuro dele, além de que tenha um bom caráter.  Eu quero descobrir junto com o meu filho quem ele é, vê-lo crescer e somente então entendendo-o eu consiga ser capaz a ajudá-lo a desenvolver toda a sua capacidade. Não acho justo com ele começar agora a decidir onde ele estará daqui 2,3,5, ou 7 anos, sem antes realmente compreender a sua essência.

Adriano é uma criança expansiva, cheia de energia, com uma capacidade imensa de fazer amigos em todos os lugares por onde passa, na natação, na escola, no judô, no parque, amigos mais novos, da mesma idade, um pouco mais velhos e bem mais velhos. Em todos os estabelecimentos que entra puxa um papo. É conhecido na vizinhança, na padaria, lojas, drogarias e restaurantes. Ao mesmo tempo também tem o dom de ficar invocado facilmente quando contrariado.

Se for pensar friamente em escolas e enem da vida, provavelmente acabaria optando por um ensino mais tradicional, e ao fazer essa escolha eu estaria tolindo e moldando o meu filho para ser algo que ele não nasceu para ser.

Ele estuda em uma escola sócio-construtivista, outro dia brincando com ele no parquinho do clube uma mãe ao vê-lo uniformizado se aproximou e disse, “meu filho estudou do berçário até o jardim II lá, me arrependo profundamente”, fiquei meio apreensiva e perguntei o motivo, segundo ela aquela escola não preparava a criança para os estudos, ao perguntar o motivo, ela me explicou que quando o filho foi para a primeira série ela o matriculou em uma das escolas mais tradicionais da cidade. Então eu pergunto a escola sócio-construtivista era ruim ou essa mãe não tinha a menor noção do que oferecer ao seu filho? É óbvio que a criança que está acostumada com um padrão de educação não vai se adaptar a uma mudança brusca rapidamente, é uma mudança radical você tirar de um ambiente com uma metodologia que propõe construir o conhecimento baseando-se nas relações dos alunos com a realidade, valorizando e aprofundando o que a criança já sabe para assim desenvolver passo a passo o conhecimento e a inteligência, onde a interação entre aluno e professor, aluno e aluno, aluno e meio, são o ponto do aprendizado, onde o professor não trabalha com apostilas, não envia monte de lição de casa, o aprendizado é mais baseado na colaboração, em  trabalhos em grupo e de repente depois de anos nesse ambiente a criança é transferida para uma escola tradicional, onde somente o professor transmite o conhecimento aos alunos, onde não há troca, os alunos são meros ouvintes, o professor é o responsável pelo conteúdo pronto da aula e o aluno se limita a escutá-lo sendo esse o ponto fundamental nesse processo que gera como produto a aprendizagem.

Acredito que em nenhum momento essa mãe teve a intenção de fazer algum mal ao seu filho, mas deveria ter se informando sobre as diferenças, ter avaliado o perfil da criança e das escolas e colocá-lo desde o princípio no modelo o qual ela acha mais adequado para que ele aprendesse e desenvolvesse suas habilidades intelectuais. Não estou dizendo que um método é melhor do que o outro, mas são bem distintos, não há coerência nesse tipo de mudança.

Por esses motivos entre outros não estou pensando agora onde o Adriano irá completar os seus estudos, me recuso a limitar o seu futuro, me recuso a me fechar para o mundo e o que ele tem a nos oferecer, não quero me programar para ficar apenas nessa vida, nessa cidade, nesse bairro, não que seja ruim estar aqui, muito pelo contrário, mas tenho que estar com o meu espírito aberto para caso seja necessário ocorrerem mudanças que elas tenham espaço para se aprochegarem, e quero acima de tudo ensiná-lo que há muito mundo no mundo e que não devemos jamais programarmos nossa vida para permanecermos estáticos.

Aos 30&Alguns sei que vai chegar a hora em que terei que escolher outras escolas, outros caminhos, mas tudo no seu devido tempo, espero saber analisar o perfil do meu filho, onde será o melhor lugar para que ele desenvolva seu potencial como pessoa, todo o seu potencial intelectual, mas tudo ao seu tempo, sem pular etapas e sem anular a sua essência.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

One thought on “Qual o futuro que você quer para o seu filho?”
  1. Aumentou em anos recentes o número de pessoas com estes males. A síndrome metabólica não é uma doença, mas um grupo de fatores de risco que inclui obesidade, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares como ataques do coração e AVCs. A doença estomacal inflamatória se refere a colite ulcerativa e doença de Chrohn, que atinge o intestino e causa dores abdominais, diarreia, febre e perda de peso.
    Estes males são associados a mudanças nos micróbios de estômago e intestino, e afetam a digestão. Pesquisadores andavam surpresos com o aumento de sua incidência.
    Andrew Gewirtz, professor de biologia da Universidade Estadual da Georgia, entendeu que isto não poderia estar totalmente associado a genética, uma vez que, no caso dos humanos, ela não mudou tanto em anos recentes. Sobraram os elementos externos. O professor e seus colegas começaram a estudar os aditivos comuns atualmente em alimentos processados e embalados.
    O resultado, um estudo publicado na Nature semana passada, sugere que emulsificantes são os responsáveis pelos danos digestivos. Podemos conhecê-los nos rótulos dos alimentos como carragena, lecitina, polisorbato 80, poligliceróis e goma xantana, entre outros. São adicionados aos alimentos para que durem mais nas prateleiras, melhorem sua textura e impeçam que os ingredientes se separem. Todos são aprovados mundialmente pelas autoridades de saúde.
    Os pesquisadores alimentaram ratos com emulsificantes mais comuns – polisorbato 80 e carboximetilcelulose – em doses comparáveis às ingeridas por humanos. O que viram foi a transformação dos micróbios do sistema digestivo – são 100 trilhões deles dentro do trato intestinal. Estas mudanças não apenas aumentaram a chance de ocorrência de doenças relacionadas à obesidade, mas ainda de doença inflamatória.
    Depois de digerirem os emulsificantes, os ratos sofreram distorção em seus níveis de glicose no sangue, inflamação da camada mucosa intestinal e ganharam mais peso, concentrado especialmente no abdômen. Outro estudo, da Universidade de Michigan, descobriu que comidas processadas viciam e fazem pessoas se alimentarem em excesso. O cérebro reage a elas de forma parecida com que reage a drogas pesadas, informa o Medical Daily.

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