A cidade tão amada por suas belezas naturais, mais especificamente localizadas na zona sul e que deram a fama de cidade maravilhosa, após anos de descaso e abandono dos órgãos públicos, de governantes dos mais diferentes partidos, seja da esquerda ou da direita, encontra-se jogada ao caos, ao Deus dará.

Os preços exorbitantes, a impressão que dá é que todos que moram no Rio são milionários, afinal, qualquer apartamento meia boca custa cerca de 1 milhão de reais, não precisa ser na área mais nobre onde o metro quadrado chega a R$22.0000.

No ano passado, durante uma visita a cidade, notei no supermercado uma diferença de preço de 50%, chegando a 110% a mais dos mesmos produtos que compro na cidade onde moro.

Em fevereiro, percebemos que parte da população resolveu fazer justiça com as próprias mãos, como nos casos abaixo:
02/02/2014 – “Homem é baleado depois de tentar assaltar motorista em Copacabana
03/02/2014 – “Adolescente atacado por grupo de ‘justiceiros’ é preso a um poste por uma trava de bicicleta, no Flamengo
05/02/2014 – “Após tiroteio, bando é preso em tentativa de assalto na Zona Sul
– “Ladrão amarrado em frente à IBM em Botafogo
08/02/2014 – “Homem é morto na praia da Barra após roubos; banhistas ficaram em pânico

Já vi também em uma página, fotos de dois assaltantes que foram espancados em Ipanema.

Uma amiga comentou que ‘Nego tá abrindo uma porta muito, mas muito, sinistra… Vai vendo…” e acredito seja mais ou menos por aí, qualquer um com bom senso, que juntasse lé com cré iria pelo menos desconfiar que aquela quantidade de meninos de rua fazendo malabarismo no sinal, sendo aviãozinho de morro, vendendo bala no sinal, pedindo trocado no sinal, entre tantos outros sem acesso verdadeiro a escola, no futuro iriam “chegar de bicho” na sociedade, arrancando a força algo para si.

Nâo podemos nos fazer de inocentes, que ninguém percebeu que o caos estava se instalando, ainda mais depois das comunidades “pacificadas”. Onde esses homens iam conseguir o ganha-pão?

Fico cá com meus botões pensando se parte da culpa disso tudo, também não é do carioca, que sempre se vangloriou tanto das belezas naturais que esqueceu do resto, conta tantas vantagens todas as manhãs no facebook da vista bela que tem da cidade, que automaticamente esquece ou não vê mais os morros espalhados por todos os lados.

Se está difícil para a verdadeira classe média fazer compras no supermercado, imagina quem mora nos morros, principalmente nos morros da zona sul, creio que deve ser praticamente impossível, por exemplo, fazer compras no próprio bairro.

Um amigo negro comentou que estava andando de chinelo e boné na zona sul e sentiu um olhar diferente, ele não é bandido, nem favelado, é negro, simples assim.

Então falar que é social no Brasil é muito complicado, o social sempre acaba esbarrando no racial, já que a maioria esmagadora dos pobres são negros, pardos, moreninhos, chocolate, ou como queiram designar.

A porta muito sinistra mencionada pela minha amiga foi aberta, estamos prestes a realização de uma Copa do Mundo, o governo como sempre vai encher a cidade de guardas, policiais e o escambau durante o evento, depois vamos ver como vai ficar a situação dessa cidade maravilhosa que está parecendo uma panela de pressão.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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