Uma coisa não posso deixar de notar, como as relações de trabalho no Brasil ainda possuem um grande resquício do colonialismo, aliás, como quase tudo por aqui, ainda temos impregnado no nosso subconsciente e no subconsciente cultural (se é que isso existe) resquícios do colonialismo.

Uma coisa que noto e me chama a atenção: aqui é comum contratar a pessoa para ocupar um cargo e com o passar do tempo a pessoa estar fazendo outras coisas além do combinado, muitas vezes o que a pessoa passa a fazer, nada tem haver com o combinado, em países desenvolvidos, onde as pessoas têm mais noção dos seus direitos e as leis funcionam, a não ser que você seja um ilegal, trabalhando na maioria das vezes para outro imigrante, dificilmente irão te contratar para fazer X e no dia a dia te pedirem para fazer Y.

No Brasil isso ocorre nos mais diferentes tipos de trabalhos, um exemplo básico seriam as domésticas, muitas são contratadas para trabalhar de tal horário a tal horário, em uma casa com N pessoas, no final muitas vezes trabalham horas a mais do que o combinado, outras vezes os filhos do dono da casa se separam e mudam de mala, cuia e netos para a casa dos pais e a empregada continua ganhando a mesma quantia e trabalhando o dobro.

Estagiários são outro exemplo bem real, contratados para fazer determinado trabalho, muitos na primeira semana apenas enviam fax (se é que ainda existe isso, de repente isso era mais na minha época, mas é so um exemplo), quando o bicho pega, os coitados estão muitas vezes trabalhando mais do que os funcionários de carteira assinada e no final do mês ganham aquela merrequinha de sempre, após acabar o contrato a maioria ainda é demitida.

E assim por diante, office-boys que são contratados e com o passar do tempo estão até mesmo lavando o banheiro da empresa, secretarias que servem como copeiras servindo água e preparando café, motoristas que servem de mecânicos consertando uma coisa aqui outra ali no carro e lavando o mesmo, gerentes que por serem gerentes ganham um pouco a mais e trabalham em média 60,70,80 horas por semana.

Aos 30&Alguns vejo que quando as leis não são respeitadas, a econômia é uma porcaria, a oferta de emprego é menor que a quantidade de pessoas que necessitam trabalhar, o que o meu pai sempre me ensinou : “o combinado não sai caro para ninguém, nem para quem oferece e contrata, nem para quem aceita”, muitas vezes acaba não funcionando na sociedade em que vivemos, mas isso também é apenas o meu ponto de vista.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

4 thoughts on “Trabalho, Patrão, Empregado e o resquício do colonialismo”
  1. e sempre é um belo ponto de vista – critico, direto e sincero…saudações a voce saudações sinceras

    oi Gabriel, realmente é assim que eu vejo a situação no Brasil … saudações sinceras …

  2. opa tudo bem?, seu ponto de vista é compreensível. Aproveito para citar ainda a falta de cultura do povo que os leva a se submeter a este tipo de coisa, mas convenhamos que nínguem tem uma arma apontada para a cabeça que o obrigue a fazer algo para o qual não foi contratado.
    Abraços.

    muitas vezes não é necessário uma arma, a simples falta de emprego e a alta demanda de pessoas desempregadas, por si só já servem como uma arma na cabeça, nem todos podem se dar ao luxo de sair de um emprego e logo em seguida encontrar outro, essa é a nossa realidade … abs

  3. Brasil em muitos aspectos parece mesmo viver ainda na colônia, ou na época do império. Os impostos, os tributos… A gente paga e pra onde vai? E o Brasileiro sai da escola sem conhecer o Brasil. Se n conhece n pode gostar.
    Sou formado em jornalismo. A minha área anda péssima em relação a emprego. o estagiário se forma e o patrão dá parabêns e tchau.
    Para n terminar esta comentário pra baixo, ditados jornalísticos:
    “dê a notícia primeiro, depois pergunta se pode”
    “se cafezinho fizesse mal, n existia jornalista”.
    abraços.

    concordo plenamente, ainda temos um forte resquício da época do império e muitas vezes as pessoas tem que se submeter a situações que não gostam, que sabem que é errada, para poder sobreviver, parece que temos mais deveres do que direitos … abs

  4. E aí Galera do 30&alguns!

    Com certeza essa herança de colonialismo é muito difundida no meio empresarial nos dias de hoje. Onde eu trabalho mesmo o exemplo do estagiario é identico ao citado no post. Lá acontece o seguinte, o estagiario foi contratado para desenvolver uma função que em tese estaria de acordo com suas qualificações e com seus ganhos, passados alguns dias, só porque o rapaz se interessou por aprender um pouco mais sobre a rotina de serviço, rapidamente foram delegadas responsabilidades a ele do mesmo nivel que para os funcionarios registrados em carteira, ele esta lá trabalhando até hoje, e no momento passa pela tensão de estar vendo seu contrato chegar ao fim sem uma certeza de ser efetivado.
    Embora seja ruim que ele fique sem emprego, todos estão dando a maior força para ele sair de lá e procurar um serviço melhor, já que ele ainda é jovem e pode com certeza conseguir um emprego em outra empresa que valorizem melhor a sua pessoa como profissional.

    É isso aí, té mais

    esse tipo de situação é bem comum em nosso país, como eu disse, resquícios do colonialismo … abs

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