De manhã indo trabalhar, não tive como não escutar a conversa dos dois senhores que estavam sentados no banco atrás do meu. Um estava contando ao outro que havia contrato uma empregada, moça simpática, havia acabado de chegar do interior. Então ele foi buscá-la, chegou em casa, era um apartamento, apenas cinco andares, não havia elevador, a moça subiu, mas quando chegou no andar em que iria trabalhar (no terceiro), chegou perto da janela teve uma crise de pânico, começou a falar que o prédio ia cair, bastava ver as nuvens se movendo, ficou extremamente assustada, ele e a esposa sem entender nada, tiveram que levar a moça de volta para a casa da tia.
Ele explicou que depois ficou sabendo que a moça nunca havia entrado em um prédio, achou estranhíssimo, ficou com medo que tudo desabasse, se apavorou ….
Depois esse mesmo senhor contou outro “causo”, de um amigo que conheceu uma mulher no interior e ela o convenceu a mudar-se para São Paulo, o amigo não sabia que a mulher traficava drogas, ao chegar na capital, logo na primeira semana foi preso junto com a mulher, foi julgado e condenado, após sair da prisão, voltou para o interior e diz que não volta nunca mais para a cidade grande.
Esses fatos me lembraram quando eu era pequena, devia ter uns 7, 8 anos de idade, minha tia contratou uma empregada, moça simpática, trabalhadeira, cuidava bem da minha prima, não tinha do que reclamar, então certo dia minha tia resolveu convidá-la para ir ao Shopping. Chegando lá, minha tia e prima logo subiram na escada rolante e quando deram conta a moça tinha ficado para trás, deram a volta, desceram e foram chamá-la, foi então que a coitada avisou que ali não pisaria por nada nesse mundo, estava apavorada, com medo de ser comida pela escada rolante.
Quando eu era menor ainda, lembro que minha mãe contratou uma empregada, dessas que dormem em casa, ajeitou o quarto, colchão novo, lençol e fronha, a moça quando chegou nada falou, depois de alguns dias minha mãe percebeu que ela dormia no chão, pois era como estava acostumada, mais surpreendente ainda era vê-la comer, como nunca tinha comido de garfo e faca, utilizava a mão. Eu logo quis ensiná-la, mas ela ficou tão nervosa tentando comer de garfo que conseguiu parti-lo ao meio.
Aos 30&Alguns vejo que se ela continuasse morando onde morava, jamais teria que sentir-se desconfortável ao dormir no chão ou comer com as mãos, afinal vários povos assim o fazem, aprendi também que aquilo que é super simples para nós, faz parte do nosso dia-a-dia pode ser um bicho de 7 cabeças para quem desconhece. Mas o mais importante, aprendi que cada pessoa é como é não cabe a nós julgá-las, a não ser político safado e corrupto. 🙂
E minha mãe que teve uma empregada, lá de Mato Grosso, que só tomava banho de “cuia” (bacia). Nunca conseguiu tomar banho de chuveiro, veja só…
São as famosas “diferenças culturais”! rsrsrsr
realmente … 😀
Sabe que minha avó tinha uma empregada que comia acocorada no canto da cozinha, com as mãos? É, esse pais é tão continental que as “novidades” como prédios e escadas rolantes são desconhecidas para muitos…
minha mãe tb teve uma empregada que comia acocorada no canto da cozinha e com as mãos … bjs
Veridiana,
É isso mesmo. Cada um que viva de acordo com a sua cultura, com a sua vontade e com o volume de informação que tem, ou tenha disposição de amplia-la, porém, sem pressão, sem excessos ou exageros dos que pensam que sabem tudo e se dizem felizes.
Afinal, o crescimento cultural de uma pessoa só acontece se ela quiser. Se ela se dispuser a vivenciar novas aventuras, mesmo para as menores coisas do dia a dia. Os exemplos que você citou, claramente dão essa dimensão. É raro às pessoas simples – do mato! – se acostumarem com a loucura das metrópoles…
Estarei participando da sua Blogagem Coletiva: Ordem e Progresso, no dia 17 próximo. Vou colocar, daqui a pouco, um banner sobre o assunto lá no blog e que deverá ficar até o dia do evento. Fui convidado pelo Ernâni Mattos.
Abs
[…] parece ser a grande diferença entre interior e a cidade grande. Imagino ser, pra não dizer impossível, completamente utópico imaginar uma São Paulo em que as […]