É na escola onde aprendemos no início da vida muitas coisas, boas e ruins, é onde rimos e choramos, onde fazemos amigos, aprendemos a ler, a socializar ou não.

É lá onde sofremos geralmente as nossas primeiras decepções com o mundo, se você parar para pensar, tente imaginar a quantidade de apelidos que aprendemos a dar e receber dos outros na escola. Pensando sobre isso ontem fui anotando e cheguei nessa pequena lista: gordo, baleia, branquela, macaco, caolho, vara pau, bafinho, zarolho, gorducha, bolota, neguinho, criolo, magrela, baixinho, bolinha, perneta, mongol, cabelo tonhonhoem, filho de porteiro, paraíba, 4 olho, manquinho, pelé, saci, alemão, viado, bichinha, gay, retardado, patricinha, hippie sujo … poderia continuar e continuar….

Sendo assim, desde cedo, ou você aprende a se defender do mundo ou já na infância é massacrado por ele, pelos seus próprios coleguinhas de turma. Quando eu era mais nova, tinha um amigo meu que dizia “nesse mundo ou a gente zoa ou é zoado”, hoje em dia quando penso a respeito disso, tudo me leva a crer que em algum momento na infância dele algo aconteceu que fez com que ele desde cedo percebesse que se não se defendesse seria de alguma forma maltratado pela vida.

Não tenho filhos, mas imagino como será a minha preocupação no dia em que começarem a frequentar a escola. Sendo negra, de classe média, sempre frequentei bons colégios e sempre fui minoria na escola, mas minoria mesmo, em séries que havia 200 alunos, geralmente eu era a única aluna negra, uma vez ou outra havia mais um, então os apelidos corriam solto.

Época em que passava novela de escravo, aí sim, como sofria com o preconceito e as brincadeirinhas: “está na hora da chibata”…. Sempre fui safa, sempre contornei a situação, muitas vezes dando um fora, outras vezes respondendo a altura (era criança, queria o que?)

Mas apesar de tudo, também tenho ótimas lembranças da escola, dos amigos, das brincadeiras, das férias, das viagens. A escola ajuda a gente a perceber quem somos, como é o mundo, como lidar com as diferenças, em especial quando você é a diferença, a socializar, a se defender, a revidar …..

Aos 30&alguns, pensando em um futuro não muito distante, aumentar a minha família, percebo que tenho medo do dia em que o meu filho (que ainda nem tenho) vai ser jogado na “selva” e começará a conviver com os outros “animais”….

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

One thought on “Escola é onde aprendemos como o ser humano pode ser bom ou não”
  1. COMENTÁRIO TRANSFERIDOS DO ANTIGO 30&ALGUNS QUE ESTAVA HOSPEDADO NO BLOGSPOT:

    Paula disse…

    Não amiga eu provei que não vale a pena perder tempo para preencher cupons, aquilo nao passou de um golpe 🙁 Depois quando vc voltr no meu blog vc vai entender!! Linda, vimte agradecer a visita no meu aniversario, fiquei muito feliz viu?? Beijão!
    Quarta-feira, 18 Outubro, 2006

    Gorda disse…

    Uma beleza de texto. Tai, e momento realmente de refletir.Pra quem nao perdeu o capitulo de segunda de “Paginas da Vida”, o papo de Helena e colegas de profissao era exatamente sobre isso: a escola e como ela nos prepara pra vida, praticamente pra tudo. E o mais interessante e q enquanto estamos la nao vemos a hora de sairmos, nos tornarmos adultos ,sermos donos de nosso proprios narizes. No entanto,qdo somos jogados na selva, no mundo la fora, tendo de dar a nossa cara a tapa,ai e q bate aquela saudade da vida mansa e descompromissada q tinhamos e nem sabiamos.Que ironia da vida. Mas como diz aquela velha musiquinha do EAC: “Sofrer, pra que sofrer se ha passaros cantando ,criancas mil brincando. Chorar, pra que chorar ,se a chuva esta caindo e uma rosa esta se abrindo. Vem,vem ,vem,veeeeeeeeeeem me de a mao,podemos caminhar. As estrelas estao brilahndo, a lua esta sorrindo,vem me dar a mao…”
    Quarta-feira, 18 Outubro, 2006

    Paula disse…

    É um absurdo mesmo, mais de 100 anos após a abolição ainda existir certos preconceitos em tantas pessoas…. eu também tenho medo de quando ter um filho largar ele no mundo assim… infelizmente ao invés de progredir, o mundo parece regredir em certos aspectos sociais!! Beijo minha linda… boa semana!!
    Quinta-feira, 19 Outubro, 2006

    Felipe Drummond disse…

    Olá veridiana, obrigado pelo comentário no meu blog!

    Gostei bastante do seu site e dos seus textos, muito bem escritos e com reflexões bastante pertinentes.

    Continuarei visitando. Parabéns!
    Sexta-feira, 27 Outubro, 2006

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