Acho que por sermos um povo latino muitas vezes tentamos mostrar empatia e compreensão com os problemas dos outros sem na verdade entendermos o que a pessoa está passando.
Acredito que somente devemos dizer “eu imagino o que você está passando”, se realmente tivermos a condição real de imaginar o que a pessoa está passando.

Uma amiga perdeu o marido a cerca de 7 meses atrás, jamais me atrevi a dizer “eu imagino o que você está passando”, porque eu não tenho a menor condição de saber o que está acontecendo com ela, nem dentro dela.

Minha mãe foi diagnosticada com câncer em 2014, foi tratada e está na fase que a cada seis meses vai ao médico levar os exames para ver se continua tudo bem. Eu nunca disse nem durante o tratamento, nem antes dessas consultas médicas “eu imagino o que você está sentindo”, porque eu não imagino, eu nunca passei por isso.

Apesar de ser mãe, eu não faço a menor ideia do que minha prima sentiu quando recebeu a notícia que sua filha com 5 anos havia sido diagnosticada com leucemia, não adianta dizer que por ser mãe eu imagine o que ela sentiu naquele momento, porque jamais conseguiria imaginar.

Não faço a mínima ideia do que sente, como vive e como bate diariamente o coração de uma mãe que tenha perdido um filho, por mais que tente imaginar como seria minha vida sem o meu, não posso jamais dizer ” eu imagino como seja”.

Mas eu sei o que sente quem correu de um atentado terrorista, eu sei o desespero que é correr contra o tempo quando se pensa que vai morrer, isso eu sei e se alguém vier conversar comigo sobre seus medos e seus pânicos causados por situações extremas de medo da morte, aí sim posso dizer “eu sei o que você está sentindo”, nessas condições eu posso dizer.
Então às vezes quando as pessoas acham que eu não sou tão simpática quanto aparento, é porque não direi algo para tentar fazer alguém sentir-se melhor se eu realmente não acreditar no que esteja falando.

Prefiro dizer “deve ser uma merda mesmo isso que você está passando”, do que eu “imagino o que você está sentindo”, porque é mais sincero comigo e com o outro.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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