Saiba os principais mitos e verdades sobre a coleta da polpa do dente de leite. Os dentinhos dos pequenos são ricos em células-tronco mesenquimais, uma grande aposta da medicina regenerativa no tratamento de diversos tipos de doenças
Celebrado anualmente em 12 de outubro, o Dia das Crianças é destinado à celebração dessa fase da vida, conhecida por ser repleta de aprendizados e diversão. Uma das características comuns da infância é o momento da troca dos dentes de leite, em que repercute-se o mito popular da fada do dente, que substituiria o dentinho deixado debaixo do travesseiro por dinheiro.
Mas, além de lendas e brincadeiras acerca desse assunto, os dentes de leite têm uma função muito importante, que é pouco abordada: esse material pode servir para o tratamento de diversas doenças. “A polpa dos dentes de leite contém células-tronco do tipo mesenquimal, que apresentam a capacidade de se transformar em uma variedade de outras células para a reparação de tecidos, como muscular, nervoso, ósseo, além de cartilagem, pele e outros tecidos epiteliais”, explica Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP.
Abaixo, o especialista aponta o que é mito e o que é verdade quando o assunto é a coleta da polpa do dente de leite. Confira:
O procedimento é invasivo
Mito. Segundo o médico, a coleta é um processo não-invasivo, afinal, a queda do dente já ocorre de forma natural em crianças entre 5 e 12 anos de idade. No entanto, é necessário que o procedimento seja realizado por um dentista especializado.
Apenas a criança pode ser beneficiada pelo material coletado
Mito. Por se tratarem de células imunocompatíveis, podem servir não só ao doador, mas também a outras parentes, como um irmão, por exemplo. Sendo assim, estudos e investimentos na área fazem da coleta um investimento preventivo para as famílias. “Como são células jovens e com ótima qualidade, o material encontrado no dente de leite é multipotente e imunotolerante, ou seja, servem tanto ao doador como para a sua família”, explica.
Apenas um dente já possui material suficiente para uso
Verdade. De acordo com Dr. Nelson, um único dente é capaz de gerar milhões de células-tronco, uma vez que seu potencial de multiplicação é elevado.
A extração pode ocorrer após a queda do dente
Mito. O hematologista afirma que a decisão pela coleta da polpa de deve ser feita antes do dente de leite cair. “É importante que o dente seja extraído de maneira asséptica por um dentista. Após isso, a polpa do dente de leite deve ser acondicionada em um kit específico de transporte e enviado imediatamente à clínica para o devido processamento laboratorial”, comenta.
O material é uma das grandes apostas da ciência para o tratamento de diversas doenças
Verdade. “Hoje, pesquisas indicam a possibilidade de tratamento em doenças como a diabetes tipo 1, lesão medular, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, lesões da córnea e doenças neurológicas como Parkinson”, revela.