Devo admitir que não sou muito de assistir canais abertos, não acompanho nenhum tipo de novela, sinceramente, elas não acrescentam nada em minha vida, sempre tem um plot e sempre há um vilão, daqueles bem ruim, que eu até hoje me sinto abençoada por não ter ou terem nenhum deles passado em minha vida, pois desde que sou pequena, em praticamente quase todas as novelas, há alguém querendo acabar com a vida de outrem a qualquer custo.

Assisto vez ou outro o notíciario que passa no canal aberto, acompanho mesmo a GloboNews na TV a cabo, mas ontem resolvi assistir ao Fantástico. Ainda não toquei no assunto da morte da menina Isabella, mas ontem e durante a semana passada ao ver o pai e a madrasta serem “libertados”, fiquei pensando com os meus botões, o que faz com que centenas de pessoas saiam de suas casas, de seus trabalhos para irem à porta da delegacia esmurrar o camburão e gritar assassinos.

E foi analisando esse comportamento que cheguei a conclusão que logo no início a mídia, entre outros, deixaram claro para a maioria das pessoas que um dos dois era o culpado, se não fossem os dois. A partir do momento que eu, você ou quem quer que seja, acredite que eles foram capazes de um ato tão cruel e sem explicação lógica, no momento seguinte não há como mudar de opinião tranquilamente.

Julgamos que aquelas pessoas cometeram tamanha covardia, como iremos enfrentar a nós mesmos e mudar de idéia? O que isso nos torna?

Não sei se um deles cometeu o ato, se os dois cometeram ou se havia uma terceira pessoa envolvida nessa sequência de fatos.

Acho que o caso tem que ser investigado, mesmo que tudo que a gente vê nas séries policias americanas como CSI, Without a Trace, Law & Order, entre tantas outras, nos mostram que as evidências devem ser colhidas dentro de 48hs e o local do crime isolado por completo. Nada disso ocorreu, mas estamos falando de Brasil.

Eu entendo todo o drama vivido e a sede de justiça da população brasileira, mas aos 30&alguns não consigo parar de pensar em tantas outras mães, em tantos outros pais que sofreram com a violência a perda de seus filhos e ninguém foi com luminol, nem com perícia, nem com nada para tentar desvendar o caso.

Me pergunto constantemente, se ela fosse moradora da periferia, de um prédiozinho em uma comunidade qualquer, quem iria saber do que aconteceu? Quem iria gritar por justiça? Quem?

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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