Relacionamento AbusivoA cada 5 mulheres, 3 já viveram relacionamento abusivo

A cada 5 mulheres, 3 já viveram relacionamento abusivo, mas ao contrário do que pensam, relacionamentos abusivos acontecem de diversas formas e não somente em relações homem x mulher, mostram estudos

Estudos relatam que 3 a cada 5 mulheres já viveram um relacionamento abusivo, mas não é só na relação homem mulher que isso acontece. O abuso pode ocorrer de diversas formas: de pai pra filha, de filho pra pai, de filha pra mãe, entre casais homoafetivos, entre outros.

E o que são relacionamentos abusivos?

São aqueles em que há vítima e agressor. Acontece a partir do momento em que alguém tenta dominar o outro fisicamente ou por artifícios psicológicos e emocionais. Neste momento, o relacionamento deixa de ser saudável e pode inclusive evoluir para  um relacionamento doentio e perigoso, resultando em crimes passionais, por exemplo.

O agressor tende a querer dominar tudo o que for possível na vida da outra pessoa; tentando controlar as amizades, o modo de se vestir, o uso do celular e das suas redes sociais.

Violência psicológica é mais difícil de identificar em um relacionamento. Crédito: Divulgação

O abuso dentro de um relacionamento, não se restringe à violência física, mais fácil de ser detectada, seja no meio familiar ou social, mas ele existe sempre que há a violência psicológica, mais difícil de identificar e cujo manejo é bem mais complexo e demorado.

Em qualquer situação, mas principalmente através do abuso psicológico, o agressor obtém poder sobre a outra pessoa, usando de controle e manipulação emocional.

Segundo a Dra. Aline Machado Oliveira, psiquiatra e psicoterapeuta junguiana, uma das primeiras coisas que um agressor faz em um relacionamento abusivo, é destruir a autoestima da outra pessoa. Ela explica que a autoestima da vítima é afetada drasticamente e pode ser destruída quando o agressor usa de jogos psicológicos com frases de acusação como: “-ela faz isso porque quer” ou “-ela sempre foi assim, só está se fazendo de vítima” , a fim de manipular a realidade.

A vítima torna-se a culpada pela agressão sofrida e ela aceita isso como verdade. Desta maneira, a vítima passa a ter uma percepção distorcida de si. Quanto mais oprimida, mais passiva a pessoa pode ficar, até se tornar completamente impotente, pois foi convencida pelo agressor de que ela está errada e é a culpada pelos problemas no relacionamento.

A chantagem emocional é um artifício muito usado para a manipulação e, geralmente, é de difícil identificação. O chantagista conhece os pontos fracos da vítima e se utiliza de sentimentos como o medo e a culpa para manipular as pessoas e alcançar os seus objetivos. Também é preciso observar que nem sempre o manipulador tem consciência de que pratica a chantagem emocional.

Na chantagem emocional o chantagista usa de falso arrependimento. Crédito: Divulgação

O chantagista vai levar a outra pessoa a fazer o que ela não quer fazer; aqui o abusador se faz de vítima para manipular a vontade do outro. Frases como: “-Se você não fizer isso, nunca mais vou perdoar você”, funcionam como punição e colocam a vítima sob a ameaça da culpa.

Notemos que o sentimento de culpa na chantagem emocional, é facilmente colocado como uma via de mão dupla; no caso do chantagista usar de falso arrependimento, puxando para si toda a culpa, mas ao mesmo tempo se dizendo arrependido e fazendo promessas de não voltar a cometer o erro, ganhando a confiança da outra pessoa, para usá-la depois, até mesmo em outra ocasião.

Embora sejam mais conhecidos e tratados, os relacionamentos abusivos em que a vítima é a mulher e o agressor o homem, esse tipo de situação vai muito além e envolve pais e filhos, relacionamentos homoafetivos, relacionamentos entre patrões e empregados, relações de amizades, etc.; ou seja, o relacionamento abusivo não se resume exclusivamente entre um casal em que a vítima é sempre a mulher, ainda que esse seja o caso mais recorrente, ao menos, o mais registrado.

Violência doméstica com mãe ou pai vítima de filhos adolescentes. Crédito: Divulgação

Hoje em dia é bem mais comum a violência doméstica quando a mãe ou o pai, é a vítima de filhos adolescentes que, muitas vezes, usam de agressão física. Mas não para por aí; Além das agressões físicas o abuso psicológico e a manipulação, também se fazem presentes nestes casos. Ocorrem comumente a chantagem emocional e a agressão verbal. Acusações como: “-você acabou com a minha vida” ou “-você só me faz passar vergonha” entre outras, são apelativas e até teatrais.

A falta de imposição de limites nos filhos desde a infância, levam os pais a sofrerem esse tipo de problema doméstico, e não sabendo como agir, acabam cedendo.

Desde a infância, o papel de autoridade dos pais se perde pela dominação dos filhos.

A situação mais conhecida e explorada é a inversa, o abuso dos pais contra os filhos, e nesse caso, a violência física acaba sendo a mais comum.

A vida social é inerente ao ser humano e as relações de trabalho, estudo e lazer fazem parte do nosso dia a dia, e nem sempre podemos escolher com quem trabalhamos ou estudamos.

Em qualquer dos casos, os relacionamentos abusivos começam da mesma forma: xingamentos e gritos, humilhações e a violência psicológica, envolvendo manipulação e controle.

Não é fácil sair de um relacionamento abusivo, ainda mais quando já é um relacionamento de longa data. A pessoa que é vítima de um relacionamento abusivo precisa de ajuda profissional que possa auxiliá-la a identificar o problema e superá-lo, principalmente quando esses relacionamentos deixam traumas mais profundos e que afetam uma ou mais áreas da vida.

Relacionamentos são sempre um desafio e para termos relacionamentos saudáveis é preciso impor limites ao outro e entendermos que nós também precisamos de limites. Isto implica inclusive saber lidar com as relações quando detemos alguma posição de poder- diz a especialista, Dra. Aline Machado Oliveira.

Aprender a dizer “não” é necessário, e saber aceitá-lo também.

Se você se identificou com as situações citadas, procure ajuda profissional. Não desista de você!

Dra Aline Machado Oliveira é médica psiquiatra e especialista em Psicologia Clínica Junguiana e Analista Junguiana em formação pelo Instituo Junguiano do  Rio Grande do Sul. Membro da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul e da Associação Brasileira de Psiquiatria,e atua há mais de 9 anos com psiquiatria clínica e psicoterapia.

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