Com evolução lenta, câncer de colo de útero pode ser diagnosticado previamente em lesões precursoras. Médicos reforçam a importância do acompanhamento ginecológico e exames periódicos como o Papanicolau e alertam para os cuidados com o sistema reprodutor
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de colo de útero é responsável por mais de 300 mil óbitos por ano no Brasil, sendo a quarta principal causa de morte de mulheres por câncer no país. Uma das principais causas da doença é a presença de infecção persistente por tipos oncogênicos do Papilomavírus Humano (HPV), que origina 97% dos cânceres do colo do útero. De acordo com a ginecologista e obstetra do Hospital Santa Cruz, Dra. Daiene Casagrande, existem outros fatores de risco que podem agravar o quadro patológico.
“Associação ao tabagismo, alcoolismo, idade sexual precoce para o início de relação, número de parceiros que se relaciona, uso de medicações imunossupressoras, são alguns dos fatores que podem facilitar a evolução para o câncer de colo do útero”, afirma a ginecologista do Hospital Santa Cruz. Considerado o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil, os sintomas mais recorrentes são sangramento, dor durante a relação sexual e sangramento após a relação, chegando a apresentar problemas urinários e intestinais, em casos mais graves.
Evolução lenta
Por ser uma doença de desenvolvimento lento, muitas vezes, os sintomas demoram a aparecer e, quando surgem, já estão em quadros mais avançados. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta ainda que a doença é rara em mulheres com idade inferior a 30 anos, sendo o pico de incidência entre 35 e 50 anos de idade. Dessa forma, os médicos recomendam que o diagnóstico seja feito antes do aparecimento desses sintomas, ressaltando a importância do acompanhamento e consultas ginecológicas.
A ginecologista e obstetra do Hospital Santa Cruz reforça que é possível prevenir o câncer de colo de útero com exames periódicos, como o conhecido ‘preventivo’, feito anualmente ou a cada dois anos, dependendo dos casos. “É possível diagnosticar lesões precursoras, que podem se transformar em câncer de colo de útero, nos exames periódicos como o Papanicolau, preventivo ou citológica oncótica. As diretrizes brasileiras recomendam que esse exame seja realizado a partir dos 25 anos de idade em mulheres com atividade sexual ativa, estendendo-se até mulheres com 64 anos”, completa Dra. Daiene.
Contudo, a principal e mais eficaz forma de prevenir a doença é por meio da vacinação contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV, que pode ser realizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em meninas de 09 a 14 anos de idade e meninos de 11 a 14 anos, realizada em duas doses com intervalo de seis meses entre elas.
Diagnóstico precoce aumentam os índices de cura
De acordo com o oncologista clínico do Hospital Santa Cruz, Dr. Guilherme Stelko, é importante fazer o diagnóstico precoce do câncer de colo de útero, uma vez que os índices de cura são muito mais altos nos estágios iniciais da doença. “No estágio clinico 1, por exemplo, as pacientes diagnosticadas possuem mais de 88% de chances de cura. Geralmente, elas são tratadas com cirurgias e, em estágios mais avançados, com radioterapia e quimioterapia” assegura ele. O médico também explica que mesmo nos casos mais precoces, o tratamento também pode envolver, além da cirurgia, a radioterapia com objetivo de alcançar um maior índice de cura.
Após o tratamento, o oncologista ainda recomenda que seja feito um acompanhamento adequado com um ginecologista, para que seja realizada a coleta do Papanicolau da região operada, bem como exames de imagem e consultas médicas periódicas. Afim de proporcionar comodidade, segurança assistencial e agilidade para as pacientes, o Hospital Santa Cruz criou, em 2019, o Centro de Especialidades em Saúde da Mulher que conta com pronto-socorro, centro cirúrgico e laboratórios, funcionando de forma multidisciplinar, com diferentes especialidades, facilitando a solução integral do problema da paciente.