Alguns fatos interessantes sobre o sangue que provavelmente você não sabe:

TIPO SANGUÍNEO E ROTAVÍRUS

Um estudo publicado no mês passado na revista Nature, sugere que o tipo sanguíneo pode influenciar a suscetibilidade à infecção como o rotavírus, os resultados mostram que certas estirpes do rotavírus se concectam às células grudando ao antígeno A, em pessoas com tipos sanguíneos A e AB. O primeiro passo da infecção é ligação à célula.

As pessoas com estes tipos sanguíneos têm o antígeno A em suas células sanguíneas e sobre as células que revestem o trato gastrointestinal, que é atacado pelo rotavírus.

É possível que pessoas com os tipos sanguíneos A e AB sejam mais suscetíveis a infecções por rotavírus, os pesquisadores ainda acreditam que seja muito cedo para tirar conclusões definitivas, cepas do vírus que foram encontradas anexadas ao antígeno A não são as cepas mais comuns de rotavírus.

Provavelmente as cepas mais comuns preferencialmente infectam pessoas com tipo sanguíneo B, por exemplo. Além disso, a pesquisa não foi feita com um número grande de pessoas para ver se aqueles infectados com o rotavírus eram mais propensos a ter um certo tipo de sangue, cientes de que pode haver um link entre o tipo sanguíneo e o vírus, os pesquisadores pretendem levar a pesquisa adiante.

Compreender mais sobre como rotavírus interage com as células humanas pode acarretar o desenvolvimento de remédios contra a doença, ou a melhoria das vacinas contra o rotavírus, uma vez que a gastroenterite, ou inflamação do estômago e dos intestinos é a principal causa de diarreia grave em bebês e crianças em todo o mundo.

Antes da vacina contra o vírus ser introduzida em 2006, quase todos os bebês eram infectados com o vírus antes  de completarem cinco anos de idade.

No estudo, os pesquisadores descobriram que as células manipuladas que apresentavam o antígeno A nas suas superfícies eram facilmente infectadas pela estirpe rotavírus, enquanto que as células sem o antigénio não eram facilmente infectadas. Além disso, bloqueando o antígeno A prevenia infecção por rotavírus em células intestinais humanas.

O tipo sanguíneo é conhecido por determinar a susceptibilidade à infecção com outros patógenos, incluindo norovírus – tipo vírus que pode ser transmitido através da ingestão de alimentos- e Helicobacter pylori – uma espécie de bactéria que infecta a mucosa do estômago humano.

O novo estudo levanta a questão se os grupos sanguíneos podem combater ou evitar infecções de determinados vírus e bactérias.

TIPO SANGUÍNEO E DEPRESSÃO

Um outro estudo, publicado no mês passado na revista Psychiatry Translacional, onde pesquisadores tentaram descobrir como diferenciar o sangue de uma pessoa deprimida de alguém que não sofre de depressão.

No estudo, com foco na depressão de início precoce, que ocorre em adolescentes e adultos antes dos 25 anos idade, cerca de 15% das jovens e de 7% dos jovens entre 13 e 18 anos de idades são estimados em desenvolver a doença, que tem uma condição distinta, diferente da depressão na idade adulta, e tem uma grande contribuição genética.

Os pesquisadores primeiro analisaram os genes de ratos que tinham sido criados para ser mais ou menos deprimidos, considerado o “modelo genético”. Em seguida, analisaram quatro diferentes linhagens de ratos sob estresse crônico, um fator ambiental que causa a depressão. Compararam as mudanças na expressão genética, que podem ocorrer como resultado do estresse, entre os ratos cronicamente estressados ​​e indivíduos sem estresse extra.

Então pegaram 26 mudanças em expressão gênica que haviam identificado nos animais para ver se eram iguais em humanos deprimidos. Testaram 14 adolescentes deprimidas e 14 sem sintomas de depressão. Onze “marcadores” ou produtos químicos, foram identificados no sangue em diferentes níveis em adolescentes com início precoce de depressão, em comparação com os níveis de adolescentes sem depressão.

Atualmente, a depressão é diagnosticada por um teste subjetivo, depende da própria explicação da pessoa sobre seus sintomas, e da interpretação de um psiquiatra sobre esses sintomas. As análises do sangue não tem como objetivo substituir o psiquiatra, mas poderia facilitar o processo de diagnóstico.

Em um estudo anterior, publicado na edição de fevereiro da revista Molecular Psychiatry, os pesquisadores focaram em um exame de sangue para adulto no início da depressão. Usaram nove marcadores, compostos de proteínas e substâncias químicas do corpo de outros que haviam sido identificados como relacionados à depressão e funcionamento do cérebro. Com isso, criaram uma fórmula para dar uma pontuação sanguínea a cada paciente, indicando a probabilidade de ter depressão.

Analisaram o sangue de 70 adultos deprimidos e 43 sem sinais de depressão e a pontuação média dos pacientes deprimidos foi de 85, já dos pacientes sem depressão foi de 33. O teste pode detectar a depressão em 90% das pessoas que realmente têm a doença.

Os pesquisadores esperam que a base biológica deste teste possa oferecer aos pacientes uma visão da depressão como uma doença tratável e não como um estigma.

Apenas cerca de 25% dos adolescentes deprimidos são tratados, como um exame de sangue fornece a evidência física de uma doença, poderia ajudar a combater equívocos sobre a depressão, como a idéia “de que está tudo na cabeça da pessoa, ou ser sinal de alguma fraqueza pessoal”.

Eventualmente toda a sociedade vai aceitar que a depressão, não é algo que o indivíduo pode simplesmente passar por cima.

SANGUE E O SEXO DO BEBÊ

Um método não invasivo foi desenvolvido, capaz de detectar o sexo do feto logo nas cinco semanas de gravidez.

Saber o sexo do feto é importante quando a mãe é portadora de um gene do cromossomo X que pode causar a distrofia muscular – “um grupo de doenças musculares hereditárias, progressivas, sendo sua principal característica a degeneração da membrana que envolve a célula muscular, causando sua morte, afetando os músculos causando fraqueza” -, já que um feto do sexo masculino tem 50% de chances de herdar a doença.

Nestes casos, as mães podem serem submetidas a testes, mais invasivos, o que acarreta um pequeno risco de aborto ou em alguns países, onde é permitido, até mesmo optar por um aborto.

Atualmente, no Reino Unido, as mulheres podem escolher testes invasivos na 11ª semana de gravidez, ou esperar mais um tempo para fazer um ultra-som de identificação do sexo. As tentativas de analisar o DNA fetal no sangue da mãe para os marcadores do cromossomo Y masculino só pode dar resultados imprecisos se a quantidade de DNA não for suficiente.

Dr. Hyun Mee Ryu e seus colegas do Cheil General Hospital and Women’s Healthcare Center, em Seul, Coréia do Sul, mediram as mudanças no gene PDE9A que ocorrem no sangue de uma mulher grávida e descobriram a quantidade de mudanças necessárias no PDE9A para garantir DNA fetal suficiente para identificar com precisão a presença do cromossomo Y.

Em 203 mulheres, a combinação de testes foi capaz de detectar o sexo do feto em apenas cinco semanas de gravidez.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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