CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

*Por Profa. Dra. Cecília Maria Roteli Martins

A adesão à medicina preventiva e às medidas que dela fazem parte, como as visitas regulares ao médico e a realização de exames de rotina, tem contribuído para o sucesso do diagnóstico e tratamento precoce de inúmeras doenças, entre elas, o câncer de colo do útero. Entretanto, temos ainda um longo caminho a percorrer, principalmente, no que diz respeito à conscientização das mulheres sobre a importância dessa prática.

Embora o câncer de colo do útero seja uma doença prevenível, que pode ser diagnosticada e tratada, ainda faz milhares de vítimas todos os anos. Somente no Brasil, em 2020, aproximadamente 16 mil mulheres foram diagnosticas com a doença, e dessas, praticamente metade vieram à óbito, devido ao estágio avançado em que o problema foi identificado. E o número é ainda mais preocupante quanto visto de maneira global, pois anualmente são registrados mais de 570 mil novos casos em todo o mundo.

A morbidade e mortalidade preocuparam de tal maneira a comunidade médica, sobre o que poderia ser feito para reverter esse quadro, que no mês de novembro de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma campanha global inédita, com a participação de 194 países, para a erradicação do câncer de colo de útero. Entre as medidas previstas pela estratégia da entidade estão a vacinação contra o papilomavírus humano, que conhecemos com a sigla HPV – principal agente causador da doença -, rastreamento com exames preventivos e disponibilização de tratamento para todas as mulheres acometidas.

Como a vacinação ainda não está disponível para todas as faixas etárias, a alternativa mais segura é a realização dos exames preventivos e as visitas, no mínimo anuais, ao médico ginecologista. Durante essas visitas, o profissional poderá pedir que a paciente, a partir dos 25 anos de idade, faça exames como o teste de HPV, a captura híbrida. Por se tratar de um teste molecular, a captura híbrida é mais sensível que outros métodos amplamente utilizados e detecta o material genético (DNA) do vírus HPV, indicando se a mulher está infectada e se há presença de uma das 13 variações do vírus que apresentam potencial cancerígeno. Tudo isso antes que apareça uma lesão e o câncer se estabeleça no colo do útero. A partir de um resultado negativo, a recomendação de novo rastreio é a partir de cinco anos.

Por se tratar de uma doença silenciosa, que só dá sinais quando o quadro está em nível avançado, as medidas preventivas são fundamentais para que a mulher não tenha que se submeter a tratamentos agressivos, que impactam em sua saúde física e psicológica, podem afastá-la do trabalho e do relacionamento social. Além disso, esse acompanhamento possibilita a redução de custos na rede de saúde, direcionando os recursos para serem aplicados em melhorias ou outras áreas que demandem investimentos.

*Dra. Cecília Maria Roteli Martins é médica ginecologista e pesquisadora clínica do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC.

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