Câncer de próstata é uma doença assintomática no estágio inicial. Especialistas alertam para a necessidade de prevenção e a quebra de tabus que levam ao não tratamento precoce
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens e deve atingir mais de 65 mil pessoas só em 2020, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), ficando atrás apenas do câncer de pele não-melanoma, que deve alcançar mais de 83 mil homens neste ano. Cerca de 15 mil homens morreram em 2018 devido a doença. Porém, os inúmeros tabus e até mesmo a preocupação de se procurar o especialista durante o período de pandemia podem ser fatores que levam os homens a não procurar por auxílio médico preventivo. Por isso, é importante a conscientização e a informação sobre novidades que tornam os tratamentos menos invasivos e mais seguros.
De acordo com o médico urologista Fernando Leão (CRM-GO 9517), a negligência do público masculino pode resultar em um diagnóstico tardio do câncer de próstata. Portanto a avaliação periódica é o primeiro e mais importante passo. “Se a doença for diagnosticada precocemente, as chances de recuperação chegam até 90%. A ida ao urologista ajuda também a prevenir outras doenças, como o câncer de bexiga e renal”, alerta o especialista que também é membro da American Urological Association (AUA) e da Society of Robotic Surgery, ambas dos Estados Unidos, e da Société Internationale d’Urologie (SIU), do Canadá.
A ida ao urologista é principal forma de prevenção da doença, já que a doença, em seu estágio inicial, é assintomática – não apresenta sintomas aparentes. “Os sintomas ficam mais evidentes apenas quando o câncer já está em um estágio mais avançado e, portanto, com um quadro mais difícil de ser revertido”, afirma Fernando Leão, que ainda ressalta que homens que já tiveram casos de câncer de próstata na família devem ficar mais atentos. “Esses pacientes devem ir ao especialista já aos 40 anos. Enquanto que os demais podem ir ao especialista a partir dos 50 anos. Pessoas com sobrepeso ou obesidade também devem ter mais cuidado”, completa.
Entre os principais sintomas doença, geralmente em estágio avançado, estão a dificuldade para urinar, sangue na urina ou no esperma, diminuição do jato da urina e maior frequência de idas ao banheiro durante a noite. Já os fatores que podem prevenir o câncer de próstata são alimentação saudável – ricas em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais -, manter o peso ideal do corpo, praticar atividades físicas, não fumar e evitar o consumo de bebidas alcoólicas.
“Os exames preventivos são os principais meios de combate à doença. Dentre eles, temos a dosagem do PSA, o toque retal, que permite identificar as alterações na próstata, exames de imagem – ultrassom, ressonância de próstata – e biópsia de próstata em casos selecionados”, detalha Leão.
Tecnologia como aliada
Outro fator que pode contribuir para a redução do número de mortes provocadas pelo câncer de próstata é a evolução da tecnologia. Entre as tecnologias mais recentes utilizadas para a detecção do câncer de próstata está o PET PSMA (do inglês antígeno de membrana específico da próstata), utilizado para rastrear células cancerígenas que podem estar presentes no corpo. Segundo Leão, que também é cirurgião robótico, o exame possibilita a localização de um tumor e verificar se a doença se espalhou para outros órgãos. “Ele é mais sensível que outros procedimentos de imagens convencionais. Além disso, permite diagnosticar e estadiar de maneira mais precoce os cânceres”, explica o médico urologista.
Segundo Fernando Leão, a cirurgia robótica pode contribuir para diminuir os riscos de infecções e as dores durante e após os procedimentos cirúrgicos. “Uma plataforma mais recente do Robô Da Vinci já comercializada no exterior, a Single Port, por exemplo, é mais minimamente invasiva, pois realiza apenas um orifício para passagem de todos os instrumentais para realização da cirurgia. Além de diminuir os riscos para o paciente, deixa a região da operação esteticamente mais agradável se comparada com o procedimento tradicional”, explica Fernando Leão.
O especialista destaca que os benefícios dessas tecnologias durante as operações cirúrgicas e no período de recuperação também são significativos. “Com a cirurgia robótica há menor risco de infecção cirúrgica, menor tempo de internação hospitalar, raramente necessita de internação em UTI ou de transfusão sanguínea, recuperação pós-operatória mais rápida e menos dolorosa”, detalha Leão.
Outra tecnologia que tem contribuído para o avanço dos procedimentos urológicos é Vaporização Fotoseletiva de Próstata (PVP) com Laser Greenlight, usado para o tratamento da Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), doença que atinge cerca de 80% dos homens com mais de 50 anos caracterizada pelo aumento da próstata que obstrui parcial ou totalmente a uretra. No procedimento cirúrgico, a fibra de laser é inserida pela uretra do paciente, que permite a vaporização do tecido prostático, reduzindo os tempos de internação e recuperação pós-operatória. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a HPB atinge cerca de 14 milhões de brasileiros.