Por dia, cerca de 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e aproximadamente três milhões convivem com a doença no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). A patologia é o segundo tipo de tumor que mais acomete a população masculina, vitimando mais de 15 mil homens ao ano. De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa para 2019 é de 70 mil novos casos, principalmente no estado de São Paulo, com cerca de 15 mil novos diagnósticos. No Grande ABC, por exemplo, houve um aumento de 9% de casos em relação ao ano passado. Dado os números alarmantes, neste mês acontece a campanha mundial Novembro Azul, que conscientiza sobre a importância do diagnóstico precoce, o que aumenta em até 95% as chances de cura.
Resultado de uma multiplicação desordenada das células da próstata, glândula responsável por produzir parte da composição do esperma, o câncer de próstata ainda não tem uma causa estabelecida, mas há alguns fatores de risco que precisam ser observados. “O principal alerta é a idade avançada. Sabemos que as idades entre 65 e 74 anos é o pico de incidência desse tipo de câncer. Além disso, se o homem possui histórico familiar de câncer de próstata, sobretudo quando a doença acontece em parentes de primeiro grau (pai, irmãos), as chances aumentam muito para o desenvolvimento da doença”, explica o Dr. Felipe Cruz, oncologista da clínica Oncologia D’Or, do Hospital e Maternidade Brasil.
Na sua fase inicial, os sintomas nem sempre são evidentes, tornando o câncer de próstata o mais letal para a população masculina. Quando apresentados sinais de sangue na urina, acompanhado de dificuldade de urinar e perda do controle do fluxo urinário, é preciso procurar imediatamente o médico. De acordo com o urologista do Hospital e Maternidade Brasil, Dr. Oséas de Castro, os homens devem procurar um especialista a partir dos 50 anos e aos 45 para aqueles que tem histórico familiar de câncer de próstata, mesmo se não apresentar os sintomas. “A forma mais eficiente de prevenção deste câncer é o diagnóstico precoce, que possibilita chance de cura muito alta, acima dos 90%. Estudos apontam que 11% dos homens terão câncer de próstata, por isso reforçamos a importância de descobrir no estágio inicial, pois permite ao paciente um retorno a sua vida sem sequelas”, alerta.
Dr. Fábio Nascimento, urologista do Hospital Brasil, reforça a importância do diagnóstico precoce, principalmente se o paciente se enquadrar nos principais fatores de riscos. Segundo o médico, os exames são simples e rápidos, constituem apenas o toque retal e coleta de sangue que é o PSA (Antígeno Prostáceo Específico), proteína produzida pela próstata. “Com o exame de PSA elevado e o exame de toque alterado, podem ser fatores sugestivos para o câncer. Nestas condições a suspeita só será confirmada após a realização de uma biópsia, realizado por meio de ultrassom transretal”, esclarece Nascimento.
Avanços nas tecnologias de tratamento
Nos últimos anos houve significativos avanços nas tecnologias para o tratamento de câncer. Neste caso, o tratamento da doença localizada pode ser realizado através de cirurgia ou radioterapia. Técnicas menos invasivas como a cirurgia robótica também ocasionam uma recuperação cirúrgica mais rápida e menores taxas de complicações. “Atualmente, também temos modernos aparelhos de radioterapia, e o uso desses equipamentos, como a radioterapia estereotáxica corpórea, permite a concentração de altas doses de radiação no tumor, aumentando a eficácia do tratamento e diminuindo complicações como inflamações crônicas da bexiga e do reto e incontinência urinária”, conta o oncologista.
Segundo Cruz, novas drogas também foram desenvolvidas para um tratamento mais eficaz. Medicamentos como a abiraterona, apalutamida e enzalutamida, por exemplo, atuam no metabolismo da testosterona, principal alimento do câncer de próstata metastático, ocasionando ganhos significativos de sobrevida dos pacientes.