Adoro viajar e conhecer novos lugares, mas não gosto de viajar do tipo que fica 1 ou 2 dias em um lugar, gosto de ficar semanas, se possível meses ou até quem sabe anos. Conhecer o povo, os costumes, a comida, a cidade. Foi assim quando fui ao Chile, fiquei um mês por lá, adorei Santiago, Reñaca, os museus, os clubes (boite), e fiquei impressionada como sendo também um país do terceiro mundo, o povo era extremamente educado.

A primeira vez que realmente notei foi quando minha amiga e eu fomos atravessar a rua e o carro ao nos ver, de longe foi diminuindo a velocidade. Não vi pobres perambulando pelas ruas, e quando perguntei onde eles viviam, uma chilena me explicou que o governo não pode deixar que pessoas morem nas ruas pois quando chega o inverno todas podem morrer.

Aí fiquei pensando, será que se aqui fosse um país com um clima menos tropical, o governo e nós como sociedade iríamos nos preocupar mais em não ter pessoas morando na rua para que a cada manhã ao acordar não termos que nos deparar com vários cadáveres nas calçadas da Gávea, Ipanema, Copacabana, e assim por diante?

Atravessar a rua na Gávea é algo extremamente preocupante e perigoso, é impressionante como em plena luz do dia, os carros, caminhões, ônibus e motos não respeitam os sinais, um bairro relativamente pequeno, com apenas uma rua principal e é super normal o sinal fechar e os pedestres ficarem parados, aí você vê ainda uns dois ou três carros avançando o sinal e aí sim você se arrisca a atravessar, correndo é claro.

Engraçado no Chile, um país da américa latina como o nosso e nunca precisei correr para atravessar a rua quando o sinal estava aberto para o pedestre.

Estamos mais parecidos com a Venezuela, quando cheguei lá, outro lugar que passei quase um mês, fiquei pensando que poderia estar em algum lugar do Rio de Janeiro, lá para os lados da baixada, em que eu ainda não conhecia.

Ao sair do aeroporto, a caminho do Hotel, notei uma favela enorme, bem parecida com as que vemos por aqui e pensei como era engraçado para não dizer triste, que um país com tanto petróleo e o povo vivendo assim.

Os carros eram quase todos com vidro fumê, daquele tipo bem escuro, que você não enxerga quem está dentro nem se expremer bem os olhos.

Um filho de uma amiga da minha mãe foi morar lá e disse que até o porteiro andava armado. Venezuela é meio Brasil, você vê a miséria e vê a riqueza, os Hotéis cinco estrelas são maravilhosos, mas lá você não vê muito latinos de pele escura (mistura com índios ou negros), na sua maioria são americanos, europeus e latinos brancos.

Nova Iorque já é um lugar excelente para visitar, quando eu visitava uma vez por mês ou a cada quinze dias, eu amava aquela cidade, um lugar que com certeza você terá grande chances de conhecer pessoas dos lugares mais diferentes.

No metrô, principalmente se você pegar a linha 7, para o Queens, você escuta os mais variados idiomas, o espanhol impera, são peruanos, argentinos, equatorianos, chilenos, bolivianos, colombianos, e assim por diante, a américa latina em peso que mora em Nova Iorque, a grande maioria mora no Queens, em Corona no MC Donalds os atendentes falam melhor espanhol do que inglês.

No 7 você também escuta muitas pessoas falando coreano ou chinês, o ponto final do 7 é em Flushing, um bairro tipicamente coreano, que vale muito a pena visitar, nos supermercados você encontra os melhores peixes e quase tudo referente a culinária asiática.

A comida grega você encontra em Astoria, as carrocinhas de churrasquinho grego são excelentes, e os cafés e diners são muito bons. Um povo feliz e muito parecido com o nosso em vários aspectos, muitos brasileiros fazem negócios e/ou são amigos de vários gregos.

Se você andar por Astoria, vai escutar pelas ruas e também no trem 7 tantas pessoas falando português que é capaz de pensar que está no Brasil e vai ver que é até por isso que muitos brasileiros vivem durante anos por lá e nunca aprendem a falar inglês.

No trem 7 você vê de tudo, ou quase tudo, uma raridade é americano branco, porque o negro você vê, no Queens há vários projetos, que seriam o equivalente aos conjuntos habitaciomais, inclusive do Queensborough Project foi que sairam vários rappers entre eles o NAS e foi lá que assim como o NAS gravamos o video clip do Jimmy Luv (a.ka. Gui).

Durante o US Open você vê vários adolescentes brancos no trem 7, indo para o estádio que fica no Queens, quase todos com cara de assustados por estarem em uma parte da cidade onde não se sentem protegidos, puro preconceito.

Se você for para Chinatown, não esqueça de comer somente em restaurantes que tem o porco, o pato e outros animais pendurados na vitrine, é verdade, esses são os autênticos restaurantes chineses, onde os chineses comem, os outros arrumadinhos e bem decorados, são para gringos e turistas, já que foi até Chinatown, então experimente a autêntica comida chinesa.

Se você for ao Soho você poderá comer excelente comida japonesa e tem um supermercadinho ótimo, caríssimo, se quiser economizar vá até Flushing.

Se for ao Harlem, ao lado Hispano você irá encontrar uma excelente comida caribenha e se você for a parte negra americana do Harlem, vai encontrar uma comida típica do sul dos EUA.

Ainda há partes no Harlem e Brooklybn onde você encontra muita coisa relacionada a culinária e cultura africana.

Devido as leis, as pessoas se toleram e se “respeitam”, depois de muito tempo lá, eu achava tudo meio falso, meio fake, e isso me incomodava, mas eu havia me esquecido que aqui, no nosso Brasil, como não há leis que façam relamente com que você respeite o próximo, onde o que vale é o “você sabe com quem está falando”, onde as pessoas (principalmente no Rio de Janeiro zona sul) se acham em grande parte superiores aos outros, “aos negros favelados”, “aos paraíbas porteiros e domésticas”, as pessoas não se respeitam, não respeitam o sinal de trânsito, não respeitam quem atravessa a rua….

Apesar da saudade enorme que estava do meu país, após um mês vejo que muito pouco mudou em relação ao respeito ao próximo.

Um amigo meu, carioca, apaixonada pela cidade, mudou-se para São Paulo faz mais ou menos um mês e meio, e quando estávamos conversando ele falou que estava chocado de reparar como as pessoas lá respeitam mais os outros.

Finalmente após anos fui domingo na praia em Ipanema, Posto 10, que horror, no final da tarde, a imundice que estava a areia da praia e a Avenida Vieira Souto era de dar dó, acho que nenhum turista nunca iria imaginar que Ipanema poderia ter tanto lixo, cheiro de urina, latas, garrafas, falta de respeito… um lugar tão belo (mais ao longe do que de perto).

Como será que iremos educar o nosso povo? Será que o ser humano só aprende a respeitar o próximo quando seus direitos estão em jogo?

Em cada lugar que se vive, um pouco realmente se aprende.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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