Quem acompanha o blog sabe que a maioria das vezes fico no ônibus pensando o que escrever aqui nesse espaço, ontem na hora de voltar para casa, depois de um dia de trabalho eis que me recordo desse fato que marcou a minha “vida política” ( 😀 ) na adolescência.

Eu devia estar na 8ª-série se me lembro bem, porque devo admitir nem sempre lembro ao certo o ano em que os fatos ocorreram, mas como ia contando, estudava em Ipanema em uma escola particular e os alunos estavam se organizando para a grande greve contra o aumento abusivo dos preços.

Eu estava feliz, crente que no dia seguinte, ao chegar na escola, ia me juntar ao grupo de grevistas, sair andando pela cidade, gritando um bando de coisas, ia ser lindo, tinha combinado tudo com as minhas amigas, estava na maior empolgação.

O que eu não contava, era com o fato do meu pai me levar na escola ao invés da minha mãe, ela era (porque hoje em dia nem dá para ser mais) petista, totalmente diretas já, temos que falar, vamos contestar e ele sempre foi mais conservador, gosta das coisas no seu devido lugar, nada de baderna, e a união de ambos foi excelente, um contra-balenceia o outro e nós, os filhos, fruto dessa união temos uma boa e ampla visão das coisas, mas voltando ao dia da greve…

Chegamos na porta da escola, aquela algazarra, avistei minhas amigas, sortudas, moravam perto da escola, caminhavam até lá e não precisavam nem de pai nem de mãe para levá-las, e pensei em como iria chegar até elas sem que ele visse (bobinha).

Meu pai, olhos de lince percebeu toda a jogada antes que eu pudesse imaginar e em segundos, embicou o carro na porta da escola, desceu rápido, me pegou pelo braço e disse para a inspetora: “Abre que ela vai entrar…”

Meu Deus do céu, o meu mundo estava desabando ali, naquele momento, naquele batgrevelocal, quanta humilhação, eu entrando naquele ambiente com preço abusivo, furando uma greve, a traidora dos alunos.

Dessa vez não fui, mas na outra que teve eu fui, quem me levou na escola foi a minha mãe… :), não participei do movimento dos cara-pintada, morava fora, porém tenho algo que ninguém tem, meu pai durante todo aquele período reuniu MUITAS matérias que foram publicadas em diversas publicações, mandou juntar tudo e encadernou com uma capa dura, quando voltei ao Brasil, ele me deu, achou importante que entendesse o que havia se passado enquanto eu estava fora. Achei esse ato muito legal, aprendi com ele que não devemos ignorar um fato por não estar presente no momento em que ocorreu.

É isso, e aos 30&Alguns eu me lembrei do nada do dia que eu furei a greve …..

“blogagem coletiva, o tema leva a reflexão, mas se você não quiser participar dessa blogagem, no dia 7 caso você esteja viajando pode deixar programado em seu blog um texto a respeito do dia, pode participar da blogagem sugerida pelo Raphael Rap do Rapensando, ou apenas “Queimando o Filme” como foi sugerido pelo Pulga do Cronicanet.”

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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