Longa baseado em ideia e iniciativa de Maria Ribeiro, Os 8 magníficos conta no elenco com Alexandre Nero, Carolina Dieckmann, Eduardo Moscovis, Fernanda Torres, Mateus Solano, Sophie Charlotte, Wagner Moura e a própria Maria Ribeiro
OS 8 MAGNÍFICOS – Último filme inédito de Domingos Oliveira, diretor, ator, autor de cinema e teatro, poeta e cineasta brasileiro, falecido em março de 2019, chega aos cinemas do Espaço Itaú de Cinema do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, dia 10 de dezembro, e em Porto Alegre, dia 17 de dezembro. Com roteiro e direção de Domingos Oliveira, o documentário foi baseado em ideia e iniciativa da atriz Maria Ribeiro. A gravação ocorreu em uma tarde, na casa da própria atriz, com apenas duas câmeras.
O elenco composto por Alexandre Nero, Carolina Dieckmann, Eduardo Moscovis, Fernanda Torres, Mateus Solano, Sophie Charlotte, Wagner Moura e a própria Maria Ribeiro, não cobrou cachê pela participação. “Todos abraçaram a ideia, pois tinham profunda admiração por Domingos, alguns já haviam inclusive trabalhado com ele. Aliás, o filme não tinha nenhum investidor”, explica Renata Paschoal, produtora associada do longa-metragem.
Na história um grupo de atores se reuniu numa festa e marcou outra. Eles eram oito. Com o compromisso de passar o dia juntos e conversar até o entardecer sobre o misterioso e controverso assunto, que é a alma do ator. Como no teatro, num trabalho de grupo, uma conversa agradável, sem barreiras, de coração aberto, mostrando ao público uma coisa que nunca viram. Um filme engraçado, com senso de humor e algumas ideias brilhantes que talvez fossem ditas sem querer. Um documentário de longa-metragem com momentos de uma inesperada emoção. Editado como se fosse Godard, exagerado na liberdade. O próprio diretor vira coadjuvante em cenas e narrativas.
“Quando faleceu Domingos deixou três filmes inéditos, este é o último deles a ser lançado. Eu adoraria ter ele aqui conosco para continuar a parceria”, finaliza Renata Paschoal que trabalhou com o diretor por 16 anos e cuida com Priscila Rozenbaum, viúva de Domingos, da obra dele.
Sobre o processo por Domingos Oliveira
8 Magníficos Atores. Não eram atores quaisquer. Quando olhei a lista acima, me espantei. Eram talvez os melhores da sua geração. Diferentíssimos uns dos outros, mas os melhores. O simples ato de colocá-los todos em uma imagem só, justificava o projeto de filmagem. Um documentário sobre o ator e o seu complexo funcionamento interno.
Pensado isso, lancei-me ao trabalho. Nunca tinha feito um documentário. E já devia ter feito algum. Porque o meu maior prazer, em meus filmes de ficção, é exatamente o embate da realidade, que sempre obriga a desfazer as formas pré-concebidas. Ora bolas, um documentário é só o embate com a realidade. Convidei os meus dois assistentes prediletos, a atriz Priscilla Rozenbaum e o diretor Matheus Souza, e fizemos um roteiro pequeno, mas que pudesse guiar nosso dia de filmagem. Espalhamos garrafas de boa bebida e chamamos dois fotógrafos espertíssimos, Fernando Young (chamado pelos amigos de Thor) e Manuel Aguas. Propomos aos atores o roteirinho. Pensem bem: oito cabeças inquietas. Portanto, ninguém concordava com tudo. Todos queriam começar a filmar, eu também. Então retirei o roteiro. Deixei sobre as mesas apenas alguns poemas e anedotas. As duas câmeras ficaram ligadas o tempo todo. Ninguém esperou o almoço para começar o uísque e as filosofias sobre o mais belo sonho do homem, que é o teatro. E o cinema. Era muito engraçado que todos tinham senso de humor e algumas ideias brilhantes foram ditas talvez sem querer. Era como no teatro, num trabalho de grupo, uma conversa agradável, sem barreiras, de coração aberto, mostrando às pessoas uma coisa que nunca viram: os famosos sem a máscara.
Resultaram doze horas de material filmado, bastante caótico, mas sempre charmoso. Eu não sabia onde aquilo ia dar, mas pretendia alto: um longa-metragem para o Festival do Rio. No calor da edição, fomos surpreendidos. Quando vimos, o editor (Victor) e eu, tínhamos 50 minutos montados. Tinha momentos de uma inesperada emoção. Editei como se eu fosse Godard, livre na liberdade. “Tudo o que é divino é sem esforço”, diziam os gregos. Lembrei, então, de um filme de caubói que eu tinha visto criança: The Magnificent Seven. Que seja: “Os Oito Magníficos”, um longa-metragem filmado em um dia.
Por Domingos Oliveira.
Estreia dia 10 de dezembro nos Cinemas