Que eu me lembre a minha primeira grande perda, foi quando a minha avó morreu em 1982, na época eu tinha 7 anos, e foi difícil entender como que um dia a pessoa está aqui e no outro não está mais, mesmo que ela tenha ficado 40 dias no hospital do coração em SP.
Depois meu avô, em 1986, quando eu tinha 10 anos. Nossa como doeu, lembro-me claramente da última vez que o vi, nós tinhamos ido comemorar a promoção do meu pai em um restaurante, a família toda, meu avô, minha avó, meu, pai, minha mãe, meus irmãos, meu tio, minha tia e primos. E alí mesmo, na frente de todos, no final do almoço ele caiu e foi para o hospital, eu não me lembro quanto tempo ele ficou no hospital, mas só sei que não aguentou e acabou falecendo.
Em nenhum desses casos eu fui ao enterro., então para mim, a morte ainda era algo meio esquisito. O primeiro enterro que fui, foi em mil novecentos e noventa e pouco quando um conhecido foi assassinado no Leblon.
Depois disso, fui ao enterro do pai da filha da minha comadre, mas não vi o corpo, nem mesmo acompanhei o caixão.
A morte para mim é algo tão agressivo e desconhecido que eu realmente tenho um certo medo. Conhece aquela frase, ninguém quer morrer, mas todo mundo quer ir pro céu?
Certa vez minha mãe riu muito quando eu falei para ela que tinha incluído nas minhas orações que eu não queria morrer: de acidente, afogada, queimada, sufocada, com dor, sozinha, e a lista não acabava, mas eu acho que no fundo deve ser o sonho de todos, morrer dormindo e nem sentir.
O que me fez escrever esse texto, foi a perda da minha cadelinha a Elektra Humphrey de Bohum (é ela era chique, tinha esse nome porque tinha pedegree…), vê-la sofrer e não poder ajudar, foi triste demais.
Antes de me casar, quando eu era criança eu até tive alguns cachorros, lembro da Laika,uma mistura de dalmata com doberman, ela era imensa e quando vinha brincar com as crianças jogava todos no cão, meu pai teve que doá-la.
Depois tivemos a Menina, um cachorro salsicha e uma outra que eu não consigo me lembrar do nome, mas ambas também foram dadas, então cachorro era algo que gostávamos, mas não era algo fixo em nossas vidas.
A Elektra veio junto com o casamento, ela e o filho dela o Thor, ela foi minha durante 7 anos, era parte da minha família, minha amiga, companheira, quando eu estava triste ela também estava, quando eu estava feliz ela também estava.
Aprendia a amar os animais, aprendi que quando a gente tem um vivendo na nossa casa, temos que cuidar, amar, dar carinho, porque eles SEMPRE retornam esse amor. São parte da nossa família.
Hoje a minha família está um pouco menor, mas sei que finalmente a Lelé (seu apelido) está descansando em paz.
Lelé muito obrigada por tudo minha amigona.
* Elektra Humphrey de Bohum
Set 1990 – Set 2006