Um novo estudo desenvolvido na Universidade da Carolina do Norte e publicado no dia 17 de fevereiro no American Journal of Psychiatry, descobriu que os primeiros sinais de autismo são visíveis no cérebro de bebês com 6 meses de idade, e sugere que tratamentos futuros poderiam ser iniciados nessa fase, para reduzir o impacto na criança.
Os pesquisadores analisaram os cérebros de 92 crianças, quando tinham 6 meses, 1 ano e 2 anos de idade, todas tinham um irmão ou irmã com autismo. Observaram como o cérebro se desenvolve no início da vida, e descobriram que os tratos de substância branca que conecta diferentes regiões do cérebro não se formava com a mesma velocidade em crianças que, posteriormente, desenvolveram autismo, em comparação com crianças que não desenvolveram a doença.
A pesquisa mostra também que essas crianças com um irmão autista têm um risco maior de desenvolver o autismo.
Os resultados sugerem que durante o primeiro ano de vida da criança, há um potencial para intervir, para interromper o autismo antes dele enraizar-se, há uma série de possibilidades para melhorar os resultados, já que o primeiro ano de vida é um momento crucial e importante no desenvolvimento do cérebro, e é também quando os primeiros sintomas de autismo começam a aparecer.
Os pesquisadores usaram um scan do cérebro chamado tensor de difusão de imagem, um tipo de ressonância magnética que permitiu ver mudanças na organização do cérebro ao longo do tempo.
Quando as crianças tinham 2 anos, 28 delas tinham desenvolvido autismo, enquanto 64 não. Os pesquisadores olharam para os exames cerebrais precoces, para ver se havia diferenças entre os grupos, olharam para as vias que conectam regiões do cérebro umas nas outras e 12 das 15 eram diferentes em crianças com autismo.
Estudos anteriores haviam encontrado diferenças no volume cerebral em crianças nessa faixa etária, e outros pesquisadores tinha olhado para tratos de substância branca em crianças mais velhas e adultos com autismo, mas as estruturas não tinham sido examinadas antes em crianças tão novas, o fato de que muitos dos setores foram afetados mostra que o autismo é um fenômeno do cérebro inteiro, há grandes diferenças nos cérebros de pessoas com o transtorno.
De acordo com os pesquisadores é muito cedo para dizer quanto ao que poderia estar causando essas diferenças cerebrais, mas os resultados são consistentes com o que eles suspeitam sobre o que desencadeia o desenvolvimento do autismo, há uma interação complexa entre genes e experiências de uma criança com o mundo.
Apesar dos scans cerebrais dos dois grupos de crianças ter revelado suas diferenças, esses exames não estão no ponto ainda de poderem ser usados para diagnosticar o distúrbio em um bebê de 6 meses de idade.
As descobertas ajudam os pesquisadores a entender melhor como o distúrbio se desenvolve, as crianças não tornam autistas subitamente, é um processo. Os pesquisadores continuarão acompanhando algumas das crianças do estudo até completarem 3 anos de idade, e continuarão a inscrever mais crianças no estudo.