Léa FreireA Música Natureza de Léa Freire

Longa sobre a compositora e instrumentista brasileira Léa Freire, será exibido em junho, na Sala Olido, com direito a show da Banda Mantiqueira

“A Música Natureza de Léa Freire”, realizado por Lucas Weglinski, é um dos grandes destaques da edição 2022 do In-Edit – Festival Internacional do Documentário Musical, que acontece entre 15 e 26 de junho, em São Paulo. O filme relembra a vida e a obra de Léa Freire, uma das instrumentistas, arranjadoras e compositoras mais prolíficas do cenário musical brasileiro, e concorre ao prêmio Panorama Brasileiro no festival.

Serão três sessões no In-Edit. No domingo, 19, às 16h, a exibição na Galeria Olido será seguida por um show da Banda Mantiqueira, de Nailor Proveta, dedicado a Léa Freire. As outras exibições serão no dia 22, às 20h30h, no CineSesc, seguida de um debate, e no dia 26, na Cinemateca Brasileira.

“A Música Natureza de Léa Freire” reúne imagens e memórias da trajetória de Léa e traz depoimentos de alguns de seus parceiros de arte e vida. Entre eles estão Alaíde Costa, Filó Machado, Amilton Godoy, Silvia Góes, Johnny Alf, Zimbo Trio, Originais do Samba, Manezinho da Flauta e Arismar do Espírito Santo. Keith Underwood, verdadeira lenda viva do jazz, e nomes da nova geração da música brasileira, como Joana Queiroz, Tatiana Parra, Erika Ribeiro e Thais Nicodemo, também participam do filme.

As entrevistas resumem como Léa influenciou a vida e a obra de tantos artistas, numa reflexão que abarca as dificuldades e desafios sobre ser mulher na música instrumental. A compositora, que é ainda flautista, produtora e editora de música instrumental, reflete no filme sobre sua história e seu trabalho, que traz influência de compositores eruditos que ouvia e estudava quando criança, mas que também reflete seu interesse pelo rock and roll e depois pelo jazz, mas acima de tudo pela cultura popular brasileira. “Para o erudito eu sou popular, para o popular eu sou erudito, para o choro eu sou do Jazz, para o pessoal do Jazz eu sou do Choro”, afirma Léa em um momento do filme.

Bossa nova, choro e outros ritmos tradicionalmente brasileiros, na interpretação de Léa e de outros músicos, compõem a trilha do filme. A artista sempre buscou justamente unir o popular e o erudito, abrir inédito espaço para improvisação na música clássica, sempre com sotaque brasileiro, com apreço especial pelo nordeste e as festas populares. Atualmente dedica-se ao piano, instrumento que “assumiu” em seu último disco “CinePoesia” (2020), após se consolidar com uma carreira de meio século como exímia flautista. “É tudo culpa da minha labirintite. Agora prefiro ficar sentadinha ao piano” – brinca Léa enquanto executa com maestria a sua música Labirinto, na cena que abre o filme. Imagens de sua infância filmadas em película de 16mm pelo seu pai, desde seu nascimento até a sua juventude adulta, complementam este primeiro momento do documentário. Sob o selo de sua gravadora e editora, a Maritaca Discos, a instrumentista já lançou mais de 50 CDs e dois livros, e divide seu tempo entre o Brasil e apresentações feitas pela Europa, Japão e EUA.

“A Música Natureza de Léa de Freire” é o segundo longa-metragem de Lucas Weglinski. Com “Máquina do Desejo” (2021), sobre o Teatro Oficina, recebeu o Prêmio EDT de melhor montagem de longa-metragem, o Prêmio de Melhor Longa do Júri Popular do 29º Mix Brasil, Menção honrosa no 26º É Tudo Verdade, e diversos outros prêmios pelo Brasil e exterior. “A música e a vida de Léa Freire são apenas um caminho para falarmos da nossa cultura, nossa raiz, nossa terra. Nossa cultura é nossa memória, e devemos sempre lembrar dos nossos mais velhos, dos primeiros, que muitas vezes são criminosamente apagados da história”, comenta.

O filme ainda conta com direção de fotografia de Louise Botkay e Joaquim Castro, produção da Agalma Filmes e Loma Filmes e produção executiva de Heloísa Jinzenji e Fernando Nogueira e coprodução da SPCine. “A Música Natureza de Léa Freire” tem apoio do Sesc SP, da TV Cultura, da Maritaca Discos e da Six Post, com realização da SPCine, Governo Federal e Secretaria de Cultura da Cidade de São Paulo.

Sobre Lucas Weglinski

Lucas Weglinski é roteirista, diretor, produtor e montador de filmes. Em 2020, Lucas produziu a série ‘Veia Nordestina’ sobre a história do forró em São Paulo; também foi assistente de edição do longa ‘Gabriel Medina’, premiado Filme do Ano no Festival Português de Cinema de Surf; e ainda foi 1º assistente de direção de ‘El Peluquero Romântico’, coprodução entre México e Espanha filmada no Brasil.

O diretor multipotencial ainda marca presença nas seleções oficiais em festivais internacionais de cinema como Sundance, Festival del Cine Latinoamericano de Havana, em Cuba, Festival de Guadalajara, no México, IDFA na Holanda, a Mostra SP, o Festival do Rio e grandes eventos como o Festival de Cannes na França no qual produziu o selecionado “Quimera” por Tunga e Eryk Rocha. Ele dirigiu seu primeiro curta-metragem em 2001, ‘Malabares’, que recebeu o Prêmio de Melhor Fotografia no Festival de Cinema de Santa Maria – RS. Em 2005, foi produtor executivo de ‘Dramática’, dirigido por Ava Rocha que recebeu prêmios no Petrobras Cultural, na Mostra de Tiradentes e no Festival do Recife, e ‘Medula” de Tunga e Eryk Rocha (Prêmio Aquisição Centro Georges Pompidou – Paris).

Em 2006, foi assistente de fotografia no longa-metragem “La Sangre Iluminada” de Ivan Ávila (Prêmio do Júri – Festival de Biarritz 2007). Seu mais recente trabalho ‘Máquina do Desejo’ recebeu o Prêmio Patrimônio Cultural no 25º Brazilian Film Fest 2021 , melhor documentário no FICCSUR 2021 no Chile, Prêmio do Público de melhor longa-metragem no 29º Mix Brasil 2021, melhor contribuição artística no 28º Cine Vitória, Prêmio Especial do Júri no 12º Festival Internacional de Cinema da Fronteira.

Sobre Léa Freire

  • Inicia no piano aos 7 anos. Aos 16, estuda violão e flauta. Após consolidar-se como flautista, acaba abandonando os palcos em 1986 devido às agressões e dificuldades da misoginia no meio musical. Após 11 anos, doente, o seu médico prescreve: Música! Grava seu primeiro disco autoral, “Ninhal” (1997),com suas próprias composições, com mais de 50 músicos reunidos (por isso o título), incluindo a Banda Mantiqueira, do músico Proveta, e participação da Joyce Moreno.
  • Em 1998, viaja em turnê pelos EUA e se apresenta no Blue Note, em Nova Iorque.
  • Em 1997, funda o selo Maritaca, que reúne em seu catálogo alguns dos maiores nomes da música brasileira. Pelo selo alguns artistas finalmente tiveram a oportunidade de gravar seus próprios discos pela primeira vez: Amilton Godoy (Zimbo Trio), Arismar do Espirito Santo, Filó Machado, Silvia Goes, Banda Mantiqueira, Quinteto Vento em Madeira, entre outros.
  • Em 2006, realiza turnê pela Europa e Brasil. Com a ideia de unir música erudita e popular, lança o disco “Cartas Brasileiras” (2007). Com composições próprias, o álbum é gravado pela OSESP e pela Orquestra de Câmara da USP. A obra celebra 40 anos de carreira da artista e 20 anos da Maritaca. Léa ministra oficinas de música por todo o país. Toca e grava com Alaíde Costa, Isaurinha Garcia, Rosa Passos, Nana Caymmi, Arrigo Barnabé e Hermeto Pascoal, entre muitos artistas e diversas orquestras brasileiras e estrangeiras.
  • Em 2002, participa do álbum “Jobim Sinfônico”, vencedor do Prêmio Grammy Latino de 2004).
  • Em 2018 é a grande homenageada no Festival de Jazz de Guimarães em Portugal, apresentando um Concerto de seu “Cartas Brasileiras” junto com a Orquestra Sinfônica de Guimarães.
  • Em 2020 troca a flauta pelo piano e lança seu álbum “CinePoesia”, cujos vídeos ultrapassam 1 milhão de views no facebook, algo impensável para um disco de música instrumental, ainda mais sendo integralmente de piano solo.
  • Em 2021 lança Quartinas, seu quarteto só de mulheres, no Festival de Jazz do Capão.
  • Em 2022, é celebrada pela nova geração da música mineira que grava um disco com novos e inusitados arranjos para suas composições, produzido por Alexandre Andres. Neste mesmo ano se apresenta em junho com a Echo Chamber Orchestra, em Berkeley, Califórnia; e em outubro, se apresentará com a Orquestra de Câmara da USP na Sala São Paulo.
  • Em 2023, já tem agendado um concerto com a Orquestra Completa no Arizona, com curadoria da americana Ali Ryerson, lenda viva do Jazz.

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