Hoje de manhã, peguei o ônibus para ir trabalhar, o motorista é novo nesse horário, deve ter uns 50&Alguns, reparei que sempre reclamo dos motoristas que correm, param em qualquer lugar, etc, esse senhor pelo contrário anda bem devagar, mas tão devagar que já vi uma bicicleta ultrapassar o ônibus e sumir de vista.

Primeiro comecei a ficar apreensiva com o horário, mas depois de um tempo comecei a me entreter com o papo que rolava entre o cobrador (20&Alguns) e o motorista. O rapaz começou a conversa preocupado com o que iria comer, já que sua mãe tinha ido visitar uma tia, estava se divertindo muito e resolveu prolongar a visita. Seu irmão que estava separado da esposa e morava com ele até umas semanas atrás, resolveu voltar para a mulher e ele não sabia o que iria almoçar.

O senhor com ar preocupado perguntou se não havia comida em casa e ele explicou que não havia na panela, mas na geladeira e nos armários sim e que ele estava ficando chateado, pois a comida estava começando a estragar. Explicou também que tem se virado bem, que outro dia fez hamburguer e nuggets, nesse momento ele saltou da cadeira e foi ao lado do motorista e mostrou o ante-braço todo queimado.

Coitado, nunca havia feito nuggets, quando jogou na panela, o óleo espirrou queimando-o.

Mas ele estava determinado a preparar alguma coisa, disse que havia perguntado para fulana (creio que devia ser alguém do trabalho) como preparava alguns legumes, isso ele teria que fazer para não jogar fora. De repente ele vira feliz da vida para o motorista e diz: ” já sei, hoje vou preparar um feijãozinho”…

Nessa hora, me deu vontade de rir, na verdade eu já estava com vontade de rir desde o princípio, mas ainda me segurei… e ele foi explicando que o difícil era refogar, o motorista deu sua contribuição, dizendo qe não gostava de feijão refogado, que ele jogava alho amassado e sal na panela depois do feijão pronto. O rapaz retrucou que tinha assistido um programa na TV e a apresentadora fez separadamente um refogado com linguiça, cebola, alho e sal e depois jogou dentro da panela, e eu pensando, lá vai ele se queimar novamente quando for preparar a linguiça… mas fiquei quieta, seria demais dar palpites naquele papo mesmo estando indiretamente participando e compartilhando o problema do rapaz, de repente eu escuto uma voz vindo do fundo do ônibus: “não esquece do louro” …

E ele sem entender, com uma cara de quem está falando o que e por que, olhou para o fundo do transporte coletivo e a pessoa repetiu: “é, não esquece o louro” …

Eu levantei rindo e não posso contar o final, pois desci do ônibus.

Aos 30&Alguns vejo como algumas pessoas ao escutarem as conversas alheias são como eu, escutam, pensam em algumas respostas mas não cometam e outras são mais do tipo: não basta escutar, tem que participar… 😀

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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