Antes da pandemia, o setor de ensino via internet já apresentava um crescimento considerável. Agora com o isolamento social, a diminuição do trânsito de estrangeiros entre países e o maior risco de contaminação por Covid-19 estudantes deverão reconsiderar o modelo de intercâmbio, estudo e formação no exterior
*Alfredo Freitas
Mesmo antes da pandemia, a projeção para adoção de tecnologia educacional já era alta. Investimentos globais nas chamadas edtechs atingiram US$ 18,66 bi, em 2019. A estimativa era que o setor alcançasse US$ 350 bi até 2025. O mundo pós-pandemia deve fomentar, ainda mais, este crescimento e alterar de forma permanente experiências de intercâmbio e formação continuada no exterior, avalia especialista em Educação e Tecnologia.
O cenário da educação é, sem dúvida, um dos que mais enfrentará alterações permanentes no mundo pós-pandemia. Números recentes mostram que o setor já vinha, globalmente, passando por uma transformação. Cresceu, nos últimos 3 anos, o volume de aplicativos que ensinam idiomas, a realização de aulas virtuais, o desenvolvimento de ferramentas de videoconferência e softwares de aprendizagem online. Realidade que deve ganhar um novo impulso no futuro próximo.
O mercado brasileiro de educação estrangeira cresceu 23% nos últimos anos e alcançou a marca inédita de 302 mil estudantes segundo a Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta). Este cenário deve sofrer alterações devido à pandemia. Na avaliação de Alfredo Freitas, Diretor de Educação e Tecnologia da Ambra University – a primeira universidade americana com cursos em português e sede na Flórida, as experiências de intercâmbio estudantil e formação continua no exterior estão entre as principais áreas que serão alteradas.
“O que averiguamos hoje é um endurecimento das normas que permitem estudantes estrangeiros ingressarem em países usualmente procurados para formação complementar, como os EUA, por exemplo. Acreditamos que, nos próximos anos, devido à pandemia, a proporção de estrangeiros estudando via internet tenha um aumento significativo nos Estados Unidos”, explica Alfredo Freitas que é especialista em educação e tecnologia com mais de 15 anos de experiência.
Para o especialista, o isolamento social aplicado atualmente por recomendação da OMS na maioria dos países deverá afetar, também, as experiências imersivas de intercâmbio presencial. “Acreditamos que haverá uma diminuição expressiva do interesse por parte de estudantes, inclusive brasileiros, em se expor aos riscos, não apenas da pandemia, mas também de uma experiência de intercâmbio restrita, devido ao isolamento social. Ou seja, as pessoas devem procurar outras alternativas para o desejado diploma do exterior”, pondera Freitas.
Diploma ‘Made in America’
O ensino superior nos EUA já tendia, segundo dados da Education Data Organization, a um perfil mais remoto que presencial. Em 2017, a Organização registrou um total de 19,7 milhões de alunos matriculados em cursos de instituições de ensino superior no país. Destes, 6,6 milhões eram matriculados em alguma modalidade de educação a distância / ensino online.
Os números mostram que 5,5 mi de estudantes cursavam a graduação no período. Destes, 3,2 mi (quase 20%) realizaram pelo menos um curso online. 2,2 mi (13,3%) eram exclusivamente matriculados em cursos a distância / online. 142.840 estudantes viviam fora dos Estados Unidos. Um número que deve aumentar, segundo Alfredo Freitas. Por outro lado, segundo o relatório da Organização Open Doors, divulgado no fim do ano passado, 1.095.299 de estrangeiros estudavam presencialmente nos Estados Unidos no ano letivo que terminou em meados de 2019. O resultado é um recorde histórico que deve demorar a ser superado, segundo o especialista.
“Já é muito grande o número de estudantes estrangeiros que busca formação continuada nos EUA de forma remota. As vantagens são inúmeras: menor custo, não abandono ou interrupção da carreira profissional no Brasil, não distanciamento da família, adequação da metodologia de aprendizagem ao ritmo do aluno, entre outras. Acredito que, de modo geral, as pessoas vão procurar mais esta modalidade online para seguir obtendo formação e titulação de universidades no exterior”, afirma Freitas.
Alfredo Freitas explica que a Ambra University, embora seja uma Instituição credenciada nos Estados Unidos, oferece cursos, em português e tem histórico de formação de brasileiros via internet. Estes brasileiros receberam diploma americano. “Há mais de 10 anos as nossas escolas de negócios e estudos legais formam brasileiros que gostariam de obter um diploma americano e, inclusive, revalidá-lo no Brasil”, afirma.
Sem downgrade na carreira profissional
Ainda segundo especialista em educação e tecnologia, Alfredo Freitas, o momento pós-pandemia exigirá criatividade para o profissional que pretende seguir o percurso ascendente para formação e conhecimento. É preciso, segundo ele, aproveitar o momento para conseguir uma formação no exterior, inclusive, de forma remota.
“Aos interessados em seguir estudando e se especializando, principalmente no exterior, o que recomendo é aproveitar este momento para pesquisar opções de formação continuada na modalidade EAD. A pandemia não precisa ser um momento de paralisia para a formação profissional, ao contrário, o momento pode e deve ser estimulante”, orienta o educador.
Sobre Alfredo Freitas: Alfredo Freitas é pós-graduado em ‘Project Management’ pela Sheridan College no Canadá, graduado em Engenharia de Controle e Automação e Mestre em Ciências, Automação e Sistemas, pela Universidade de Brasília. O renomado profissional tem mais de 15 anos de experiência em Tecnologia e Educação. É atualmente Diretor de Educação e Tecnologia da Ambra University. A Universidade americana é credenciada e tem cursos reconhecidos pelo Florida Department of Education (Departamento de Educação da Flórida) sob o registro CIE-4001. Além disso, a universidade conta com histórico de revalidação de diplomas no Brasil.