* texto originalmente publicado em 22.09.2006

Apesar de não ser pobre, nem rica, mas de conviver literalmente com ricos e pobres e tentar entender a realidade de ambos, ás vezes ainda fico chocada comigo mesma ao achar estranho que alguém não conhece algum lugar, principalmente quando é bem aqui do lado.

A moça que ajuda aqui em casa, a assistente da minha mãe, pois é assim que a minha nos ensinou a nos referir a quem nos ajuda em casa, está conosco a uns 12 anos. Em abril nós fomos visitar o meu pai no hospital e como a cirurgia estava demorando, a convidei para ir comer algo, passamos primeiro na frente de um Bob´s e como eu não estava com vontade de comer um sanduiche, sugeri que fôssemos comer em um restaurante ali perto, ela seria minha convidada.

Entramos, comemos, rimos, nos divertimos, pedi a conta, paguei e ao ir embora perguntei se ela tinha achado o restaurante bom. Para minha surpresa ela me informou que aquela era a primeira vez que ela tinha ido a um restaurante em que o garçon servia a comida na mesa.

Fiquei pensando comigo mesma, como que nós que temos um pouco mais (o que também não é verdade, porque o nosso pouco mais, não é uma casa melhor na comunidade e sim uma casa em um bairro de verdade, onde apesar dos assaltos e etc ainda há uma certa ordem) , não nos damos conta que muito do que fazemos é algo quase que impossível para outros.

Outro dia estava conversando com uma conhecida que queria dar de presente de aniversário para o filho de sua assistente do lar, ingressos para o circo, apesar dele ter 14 anos, nem ele, nem os pais nunca estiveram em um circo.

Enquanto ainda pensamos se vamos gastar aquela dinheirama toda para assistir o Circo de Soleil, a maioria da população sonha apenas em ver o palhaço no circo da esquina.

Reclamos muito, nos acostumamos a reclamar, eu admito, reclamo muitas vezes e ainda penso ” sei que tem pessoas que possuem menos do que eu, mas também tem quem tem mais, e eu não vou me contentar somente porque tem quem tem menos”, mas ao mesmo tempo me lembro de agradecer pelo o que eu tenho e fico indignada que a maioria da população mundial não tem, não teve e provavelmente nunca terá nem um terço das oportunidades que eu tive, que você que está lendo provavelmente teve e terá.

Uma das coisas que eu acho extremamente legal que a tecnologia e a era da internet nos proporciona é a forma como podemos ter acesso a informações das mais variadas, as crianças das comunidades onde há internet nos centros comunitários podem ter a chance de ver, aprender e conhecer (mesmo que virtualmente) sobre os mais diferentes assuntos, sobre os mais diferentes povos… e isso é muito válido.

Se aqueles que tem muito, tivessem um pouco da consciencia que pessoas como o Bill Gates tem, o mundo iria melhorar e muito, se quem tem muito investisse em estudo, em oportunidades para aqueles que nada tem, o mundo iria sair lucrando.

Espero que cada vez mais as pessoas que conseguem ter muito tenham também muita consciência, que vivam bem da forma como desejarem, mas que também se lembrem de ajudar ao próximo, o que as pessoas mais querem são oportunidades e não esmolas.

Aos 30&alguns vejo que o mundo caminha cada vez mais por um caminho diferente do que eu imaginava quando era mais nova, mas talvez também seja porque quando eu era mais nova eu sonhava com um futuro mais bonito, mais igual para todos, assim como a maioria dos jovens adolescentes ainda sonham.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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