Mulheres grávidas devem se preocupar coma saúde vascular, as varizes e os vasinhos merecem atenção especial e precisam ser tratadas junto a um angiologista ou cirurgião vascular
A gestação é uma fase na vida da mulher que requer muitos cuidados. As alterações que ocorrem no corpo, durante esse período, refletem na saúde em todos os aspectos, inclusive na circulação sanguínea e, principalmente, no sistema venoso. O inchaço, surgimento e a piora de varizes são os principais problemas apresentados durante esses nove meses, principalmente pela elevação de hormônios femininos. Em casos mais graves, a gestante pode desenvolver a trombose venosa profunda (TVP), apesar de a incidência ser mínima.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), 45% dos casos de varizes na população brasileira correspondem às mulheres, pois, além das questões genéticas, idade e obesidade, o risco se intensifica de acordo com o aumento de gestações anteriores.
Segundo o cirurgião vascular, professor da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) e membro da SBACV, Dr. Matheus Bertanha, naturalmente, a gestação promove uma elevação significativa dos níveis hormonais, entre eles a progesterona, estrogênio, gonadotrofina coriônica humana (hCG) e o hormônio lactogênio placentário (hPL). Cada um deles tem uma função para a progressão da gestação e sua manutenção. Mas, para o sistema venoso, isso acarreta uma dilatação das veias do organismo, tornando-as mais complacentes e volumosas, que aumentam com o decorrer da gestação e causam inchaço, cansaço, dor tipo peso, vasinhos e veias aparentes (varicosas ou não) e sensação de queimação nas pernas .
O especialista pontua, ainda, que a partir do sexto mês, com o crescimento do bebê e da extensão abdominal, o retorno venoso da gestante é prejudicado, dessa forma, o útero pode comprimir a veia cava e causar uma intensificação dos sintomas de inchaço e dor. Fatores como o histórico de TVP e antecedente pessoal para a ocorrência de abortos repetidos devem ser avaliados durante o acompanhamento gestacional. Alguns outros precedentes também podem influenciar negativamente na qualidade de vida da gestante, como por exemplo, histórico de uso de tabaco, obesidade, sedentarismo e até mesmo alguns transtornos psicológicos.
Durante a gravidez é muito importante realizar o acompanhamento com um angiologista ou cirurgião vascular, para esclarecimento de dúvidas e até mesmo para diminuir o sofrimento causado pelo aparecimento de vasinhos ou varizes. Assim, o médico será capaz de identificar um tratamento viável – como o uso de meias elásticas para controlar a vasodilatação dos membros inferiores, pernas e pés – uma vez que alguns medicamentos e procedimentos cirúrgicos podem ser altamente arriscados, tanto para a mãe quanto para a criança. “É importante que a gestante entenda que os tratamentos mais definitivos para os vasinhos e varizes devem esperar a gestação terminar, para também o organismo voltar ao seu estado hormonal não gravídico”, aconselha.
Dr. Bertanha explica que em casos de prevenção e tratamento de quadros tromboembólicos, como a TVP, pode ser necessário o uso de medicamentos específicos, comprovadamente seguros para o feto. Porém, é imprescindível um acompanhamento rigoroso da especialidade vascular e ginecologia-obstetra.
A prática de atividades físicas pode ser muito benéfica para a saúde da mulher grávida. Os exercícios de intensidade leve e moderada, com baixo impacto, são muito eficientes para o equilíbrio da circulação periférica e devem ser realizados ao menos três vezes na semana. Entretanto, tudo deve ser feito com cautela. “Gestantes devem ficar atentas para sinais de alerta como: falta de ar persistente, tonturas, dor no peito, contrações regulares e dolorosas, sangramento ou corrimento vaginal, que devem indicar a suspensão imediata das atividades físicas e uma consulta ao ginecologista”, orienta.