Há coisas que já se foram e eu queria que voltassem.

Há caminhos que não passei e pelos quais queria ter caminhado.

Há atitudes que não tomei e engoli em seco, podendo as ter tomado, podendo ter revidado.

Há frases que não falei quando na verdade o que eu mais queria era tê-las falado.

Há campos pelos quais não andei, rios que não atravessei, livros que ainda não li, pessoas que sequer conheci, coisas que estão por vir.

E o sol se põe, se esguia da montanha e se esconde atrás delas, por elas, entre elas. E a noite cai e eu me deito e me deleito. E sonho, e encanto e me desencanto. Me enamoro me desenrolo. Em todo o ser. Em todo o meu ser.

A noite desaparece, desce mais e o dia aparece. Quero que neste dia que amanhece todos se encontrem lá, nas ruas que não passei. E quem sabe, talvez eu tome os rumos que não tomei e conheça aqueles que não conheci. E que este dia não se acabe nunca. E que todos de mãos, unidas, braços entrelaçados um a um, traguemos todas as sementes de possibilidade. Sorvamos a gloria da vida e que o supremo fatal nos encontre.

Agora nada poderá nos deter, pois viramos estrelas no infinito azul do céu. Nada mais e oculto, tudo e claro e se faz transparecer. E tudo que não sabia, sei. E tudo que não queria, quis. E o que não tinha tomado, provei com gosto. E naveguei mares, bebi vida, engoli saliva pois fiz de com que o seco se dissolvesse, se embebendo nele mesmo.

Que nada permaneça, mas também não se acabe. Apenas continue em espaços diferentes até se encontrar na estrada da vida, no longo caminho de volta para casa. Sem rumo certo, sem meio, fim ou começo.

Mas juntos. Sempre. Vivendo o que tiver de ser.

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