realidade virtual

*Por Marcelo Marcati, CCO da Venturion

Embora a sociedade, como um todo, esteja cada vez mais imersa no mundo virtual e colhendo os frutos e novidades que a tecnologia proporciona a cada dia, ainda existem alguns setores que seguem mergulhados nos modelos mais antigos e analógicos, e que correm sérios riscos de ficarem para trás com as mudanças de comportamento que sociedade tem vivenciado por conta da era digital. Um bom exemplo disso são os métodos de ensino que vemos em muitas escolas e universidades, que seguem a mesma receita tradicional do ano de 1900.

O modelo é o clássico: papel, caneta, ouve o professor, anota o que está na lousa, lê o que está nos livros e faz a lição de casa. As dificuldades da chamada educação tradicional ficaram ainda mais em evidência com a chegada da pandemia e necessidade de uma implementação feita às pressas de um sistema para as aulas à distância. Com alunos a quilômetros de seus mentores e ainda mais tempo conectados na internet, ficou nítido que a transformação digital não é mais uma inimiga, mas uma aliada – se bem aplicada.

Uma ferramenta que tem sido muito interessante e tem aberto portas nestes últimos tempos é a Realidade Virtual, que vem para tornar o ensino mais imersivo e interessante para os jovens. Graças à tecnologia, é possível ver de perto e interagir com cada pequeno e importante detalhe do objeto de estudo. Muito mais que proporcionar uma experiência diferenciada durante os estudos, o uso desse recurso também é um grande aliado no quesito “retenção de informações”. Segundo estudos do psicólogo e escritor Tony Buzan (reconhecido pela sistematização dos chamados mapas mentais), o cérebro humano possui quatro grandes funções: recepção, em que adquire informações por meio de estímulos e sentidos; armazenamento, que é a retenção propriamente dita; análise, em que reconhece e organiza os padrões com base nas informações adquiridas, e a saída, que é a forma como o que foi aprendido é liberado ao mundo – por meio de desenho, música, dança, escrita ou até mesmo uma conversa.

E é justamente neste ponto que a Realidade Virtual se torna o braço direito da educação: estímulo imersivo. Veja, enquanto o estudante está com seus óculos de Virtual Reality (VR), muito além do apelo emocional e da recepção, o recurso faz com que o aluno esteja com sua atenção totalmente voltada para aquele conteúdo. Além disso, proporciona a sensação que ele mesmo está executando e vivenciando aquela situação e atividade, o que também impacta diretamente na forma de reter aquele conteúdo.

Dentre as possibilidades, os óculos de VR podem ser implementados nas salas de aula para proporcionar uma verdadeira experiência aos alunos como, por exemplo, “mergulhar” nas profundezas do oceano, ou passear pelo Coliseu, em Roma, e ver de perto como se deu a história. Outro uso interessante, e que tem sido muito recorrente com a tecnologia, é em cursos superiores como os de medicina que, por meio da Realidade Virtual, podem analisar a anatomia humana de uma maneira mais minuciosa e segura, preparando os futuros médicos para suas aulas práticas.

O uso de recursos tecnológicos para a educação tem ficado tão em evidência nos últimos anos, que segundo o estudo “Conselho de Classe”, realizado em 2014 pela Fundação Lemann junto ao Instituto Montenegro, mais de 80% dos professores respondentes que trabalham em escolas públicas consideram muito positivo a flexibilização dos modelos de ensino e adoção de tecnologias. Além disso, o estudo constatou na época que 92% dos profissionais também consideravam que as técnicas também deveriam ser aplicadas para a capacitação do corpo docente.

Vale ressaltar que a ideia não é acabar de uma vez por todas com os livros e o ensino tradicional, mas sim mostrar como é possível adaptar sua linguagem e recursos para o dia a dia dos jovens e mostrar como a educação pode sim ser algo divertido e imersivo, o que ficou ainda mais latente em tempos de distanciamento social e aulas à distância. Para o momento pós-pandemia, contudo, as palavras de ordem têm sido “ensino híbrido”, que é justamente essa convergência do mundo tradicional com o tecnológico, mas de uma forma mais bem estruturada e engajante para os professores e estudantes.

Como vimos, os benefícios são inúmeros e o leque de oportunidades é bastante extenso quando falamos de Realidade Virtual no ensino. Por isso, é importante manter a mente aberta para conhecer e desfrutar de todas as possibilidades que a tecnologia nos oferece, a fim construirmos uma relação mais interessante, criativa e proveitosa com os jovens e a educação.

* Marcelo Marcati é CCO e co-founder da Venturion, estúdio de experiências imersivas

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