Ontem quando sai do trabalho, estava caminhando em direção ao ponto de ônibus e pensando sobre o que eu iria escrever hoje… não sei porque mas lembrei de um fato que ocorreu com uma amiga minha em 1988 , ela estava em Ipanema indo de casa para o curso de inglês quando foi parada por um grupo de jovens da comunidade que perguntaram se ela era irmã de fulana, no caso ela não era, mesmo assim falaram que ela estava mentindo e ela apanhou no meio da rua…

Enquanto pensava nisso, cheguei no ponto e quando dei conta, estava vindo na minha direção uma jovem com um jeito meio suspeito, a princípio fiquei com um pouco de medo por estar sozinha esperando o ônibus e pela região não ser lá muito boa, então resolvi ficar  próxima a rua e pensei comigo mesma , “qualquer coisa entro no primeiro ônibus que passar”.

Para agravar mais a situação meu celular começou a tocar e eu fingindo que não era o meu,o que foi ridículo pois estava sozinha no ponto… como olhei bem nos olhos dela, ela passou reto e eu fiquei tranquila.

Ao subir no ônibus, quando fui pagar a minha passagem, notei que havia uma nota de dois reais em cima do caixa do cobrador, pensei que deveria ser uma pegadinha, algo para pegar algum espertinho que quisesse fingir que pagou com uma nota e pegasse a outra. Paguei, passei e sentei quase no final do ônibus.

Para minha surpresa, o ônibus andou um pouco e de repente o cobrador deu um salto da sua cadeira e veio em direção ao final do ônibus gritando com um homem de cerca de uns 50 e muitos anos , que ele não havia pago a passagem, o senhor ao se sentir ameaçado e envergonhado, já que a essa altura do campeonato todos os passageiros estavam virados olhando para trás, começou a berrar mais alto ainda, dizendo qe havia colocado o dinheiro em cima do caixa, o cobrador alteradíssimo insistia que o senhor pagasse novamente.

Eis que de repente, eu comecei a falar calmamente com o cobrador que havia uma nota de dois reais no balcãozinho, todos olhando pra mim, o senhor enfurecido e vermelho, o cobrador gritando e perguntando qual balcãozinho…Finalmente o cobrador voltou e confirmou que o dinheiro estava lá,  em nenhum momento houve pedidos de desculpas e muito menos obrigado.

Cheguei no meu destino e resolvi ir ao supermercado, comprei apenas uma caixa de leite e um tablete de 200g de manteiga. Quando passo as minhas compras no caixa, a mulher que estava atrás de mim avisou ao rapaz que a compra dela deveria ser entregue. Nesse momento ele deu um berro e avisou o rapaz da entrega, que olhou para o caixa e viu uma caixa de leite e uma manteiga e deu um berro em minha direção: “-tá brincando que eu vou entregar um leite e uma manteiga”.

Sai do supermercado pensando que o que eu mais queria era chegar em casa sã e salva, só queria entrar dentro da minha casa.

Quando vou atravessar uma avenida movimentada, noto que as pessoas estão tentando atravessar, mas o sinal está fechado para o pedestre, para minha surpresa quando um ônibus que está a minha frente se movimenta, vejo um senhor de uns 70 anos parado no meio da avenida, em cima da faixa amarela, carros e ônibus passando sem parar, todos os passantes olhando para ele com a certeza que a qualquer momento  seria atropelado… mas ele conseguiu se safar.

Quando cheguei em casa lembrei-me da minha preocupação ao sair do trabalho sobre o que escrever hoje, assim como também lembrei do Andreh que tem o blog ISAC – Isso Só Acontece Comigo, e dos emails que ele recebe de leitoras relatando fatos I.S.A.C.

Aos 30&Alguns vejo como de vez enquando é extremamente difícil chegar em casa em paz, mas que quando chegamos é um alívio estar protegido dentro do nosso templo, do nosso lar doce lar.

By Veri Serpa Frullani

Veri Serpa Frullani, brasileira, mãe e esposa, atualmente vive em Dubai, já morou em Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro. Bacharel em Turismo, produtora multimída, escritora, designer de acessórios, também é editora do Portal Vida Adulta, do Geek Chic e do Firma Produções. Já editou os extintos Brazilians Abroad e Comida Brasileira. Veri Serpa Frullani tem presença e influência na internet desde 1999, já foi colaboradora de vários projetos e sites, entre eles TechTudo, Digital Drops, Olhar Digital e dos extintos Nossa Via e Deusario.

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